terça-feira, 29 de setembro de 2009

(...)"não vou tomar nenhuma medida drástica, a não ser continuar"(...)
 
Caio Fernando Abreu

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Deve-se primeiro destruir para então construir uma nova estrutura por cima da antiga.Como se os pedaços da anterior servissem de adubo, de inspiração talvez.E eu destruo, destruo nossas cartas, seus presentes, seus vestígios.Um ano e meio é mais do que eu imaginei que fosse doer.Eu prefiro apertar shift + del, sim, eu desejo excluir permanentemente tais arquivos aqui de dentro.

Ontem foi seu aniversário, e somado ao déficit de concentração habitual, ontem eu mal consegui pensar.Eu sei como é ser trocado, como é ser usado e substituído, mas acima de tudo, eu sei ser um monstro.E até que por agora me cai muito bem.Se deitar sobre lamúrias e praguejar, alem de muito fácil ,torna-se entediante e cansativo após alguns longos meses.

Eu sou o que sobrou.E talvez, pela primeira vez em um dos meus textos inúteis encontra-se mais a palavra eu do que você, mesmo que em outros substantivos e classes gramaticais.Eu posso e consigo amar e odiar quem eu quiser, eu aceito meu novo nome, mesmo depois de tanto tempo.Ok, agora eu assino minhas coisas como Passado.

Há os que conseguem perdoar, os que jamais conseguem esquecer, e principalmente os que conseguem partir e esquecer tudo com a maior facilidade do mundo.Juntando o melhor de cada, eu aprendi a fazer cada lugar se tornar lugar nenhum, aprendi a anotar os nomes dos inimigos em uma lista de pessoas pra matar, aprendi a lembrar e esquecer cada nome e cada detalhe ou data a hora que eu bem entender.
 
Seleção natural é nada a não ser tempo.E o tempo não faz nada a não ser te deixar cada vez mais escroto, cada vez mais à altura do(s) oponente(s).Nascemos tontos, morremos engasgados com veneno.Já era hora de pegar minha vida de volta, eu esperei demais.Entre cartinhas boiolas sem destinatário e centenas de horas pensando, o que sobra mostra-se bem melhor do que já foi um dia.E até não sobrar nada, mesmo que rastejando, novos começos atrairão novos fins, e sorrisos tornar-se-ão lágrimas, como um pêndulo, a cada segundo em um extremo diferente.
 
Uma piscina em forma de coração.Vazia.E após o porre, a ressaca, antes de tudo, você sorri, depois de tudo, você aprende a atuar.Sejamos todos atores, dizer três palavras monosilábicas não pode ser realmente tão difícil.Aqui ainda tem um coração.E eu o entrego (ou vendo) ao primeiro que sorrir de volta.
 
=======================================================
 
"And I'll smile and I'll learn to pretend
And I'll never be open again
And I'll have no more dreams to defend
And I'll never be open again"

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Pior que a lei de Murphy, só a Lady Gaga.

(HA-HA.)
Eu sou retalhos.

Sorriso de plástico, espírito de porco, sangue de barata e coração de pedra.

E não dá nem uma pessoa inteira.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

"E eu aperto minhas perversões de acabar com você tão forte que elas acabam sufocando.E eu adoro quando elas me exitam, e eu sempre tenho que matá-las com orgasmos.Se eu sou um anjo o céu me esqueceu.Nós que não somos filhos de deus não pensamos em pensar.E quando minhas mãos coçam,seu rosto brilha.Quando eu canso ela continua limpa.O jogo é sem fim apenas porque não começou.Enquanto somos imortais,beijemos nossas bocas sujas e lambamos nossos sorrisos,se sentirmos o gosto de cada dente,talvez cada palavra faça sentido.De longe parecia tão bela, mas não passava de um monstrinho.E os monstrinhos sem garras são os mais perigosos, os dentes que sorriem mordem e mastigam com amor.

Ame e odeie cada pedaço que você arrancou, coma todos eles, pois doeu bastante.Monstro.E o que sobrou já enforca outras perversões, cresce e nasce,suas veias devem ter vida, semém tem cor de neve, talvez tenha alguma relação com o quanto somos frios.Um argumento nada relevante, tanto quanto amor.Se tudo isso tivesse sentido eu não teria pensado nenhuma dessas palavras, se eu houvesse pensado cada coisa que digo teria sido bem mais engraçado.Porque um eu te amo pode ser tão pesado quanto uma montanha e tão apertado quanto os nós dos meus sapatos ou os nós com que você me enforcou.Eu preciso sair desse buraco.Só mais uma, a última.

Já nem tem mais tanta graça, já não enxergo mais esse tal amor.E ela dispara palavras como dispara espinhos.Simplesmente ela tem mira ruim.E nenhum desses me acertou tão bem quanto o ódio que eu tenho por nós dois.Eu te odeio.Eu me odeio.Maldita seja.Se eu te beijar mais uma vez eu estarei mentindo mais uma vez.O amor virou nojo,querida.Com as mesmas mãos suadas que seguram as suas eu seguro o laço e as secreções mais broxantes vêem a luz do dia.E eu só uso porque ele cresce,e eu só mato porque vive.E o propósito sempre foi machucar de propósito, mesmo quando foi sem querer.Mordeu os meus lábios só pra ficar com eles.Apenas sorri de volta para não ter que dá-los.Todas as verdades pareceram reais por alguns dias.E quando eu sentia o cheiro dela, eu só sentia um cheiro peculiar.Agora não passa de perfume barato.E eu prefiro cheiro de fumaça, eu prefiro cheiro de sexo.E os filmes que passam na tv sempre são os mesmos, assim como as nossas frases feitas e velhas.Antes de acabar tudo, gostaria dizer algumas palavras.Mas eu nunca disse nada, certo?Não é agora que direi.É mais fácil guardar tudo e esmagar até que vire leite.Eu te amei um dia, ah, como eu te amei.E eu ainda vou te matar."

===========================================

Entre cartas que nunca tive coragem de enviar, inúmeras derrotas, centenas de dias e quase dois anos, as coisas não parecem ter mudado muito, a não ser o tempo e a jovialidade que escorre pelos dedos como água.E as pessoas constroem seus princípios e sua índole de acordo com suas experiências.Que merda eu construí, hein...
 
"Não vou dizer que foi ruim,
também não foi tão bom assim."
 
Nem nunca será.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Semi

Introdução à um semi-humano;

Somos cromossomos,
Belos seres tétricos,
Somos como somos,
Corações e artefatos bélicos
Só perdoa porque gosta de esquecer
Não sai da mesma página mas ainda tenta ler

Vício é uma palavra cruel, prefiro mania
Alguns não aguentam, preferem terapia

Mais um cigarro e café gelado
Coça um pouco, talvez seja alergia
Agora, seria ótimo ao seu lado
Felicidade é semelhante a epilepsia

Talvez não aguente o próximo cigarro
Garganta preta, um beijo e um escarro

Sorriso no rosto e um punhal nas costas,
Sente a sobriedade da compleição
Prefere as fraturas expostas
Pra não esquecer que ainda tem coração
Amor não morre enquanto não esfria
Enfia o dedo pra parar a hemorragia

Antes de ir embora tão seco quanto quando chegou

domingo, 20 de setembro de 2009

Fenecer talvez seja o sinônimo mais apropriado para transcender.O tempo e o espaço (re)agem sobre os seres e objetos de forma degenerativa, e os mesmos não transcendem ao tempo e ao espaço, e sim ambos aos seres e objetos.Seja mental ou fisicamente, em progressão, murchamos e erodimos, acabamos por ser nada além de matéria em mutação; no final, o topo da cadeia alimentar nada mais é que alimento para a base da pirâmide.

Escolher foco para o potencial e objetos específicos para preocupação ou tese, não faz a menor diferença, além de perda de tempo, é perda de energia.E outro ano chega perto do fim, e mais uma vez, a sensação e a constatação de que caminhando com as próprias pernas, não se chega a lugar algum, e começa-se a sentir o peso do tempo, das escolhas e dos excessos, seu corpo já não faz as mesmas coisas com a mesma eficiência e vigor, e principalmente, não foi feito nada.Nada além de reclamar e de esperar.Esperar por o quê?Boa pergunta.

Falta sentido, falta sentir.Torpe, em modo de espera, me sinto um mentiroso.Menti para mim mesmo e para os poucos que estavam ao redor, como se fosse regra, nada sobra, todos vão e os restos viram alicerces de torres tortas.Já ouvi por aí que o topo é solitário mas posso afirmar que o limbo é bem pior.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Ouvindo Radiohead sem parar, choramingando por aí e comendo chocolate velho, como se eu fosse uma guria de 12 anos que terminou o namoro e chora as tristezas de estar só mais uma vez.É assim que eu fico se não tomar os remédios por 24 horas, e é tão ruim quanto amor, você precisa disso para estar completo, seja física ou emocionalmente; sem perceber, você passa a ser apenas uma metade.

Café gelado e cigarro, os dentes cada vez mais amarelos, o par de pulmões cada vez mais preto, o coração cada vez mais podre; e tudo junto forma quase um arco-íris, talvez haja alguém que goste.Se os mendigos não reclamam em comer pão mofado e dormir ao relento, por que eu reclamo tanto?Porque eu gosto.
 
E se ainda há os que vêm aqui ler textos ruins, deve haver por aí algo que torne as coisas um pouco melhores, algo maior que força de vontade, algo melhor que arrogância e bem mais bonito e menos cinza que aqui.Aqui, onde teóricamente eu que mando, onde não há democracia, onde é tudo apenas sobre mim.E é quase ótimo, falta só um pouquinho, eu tenho o mapa do seu coração, falta apenas um bom motivo pra me aventurar por terras tão monótonas.
 
"Demolição não se baseia em destruir, e sim salvar tudo que for possível." Tenta usar um conceito desses quando a estrutura está condenada...o que sobra é comida para insetos e abrigo para mendigos.Que pelo menos não reclamam em comer pão mofado...

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Não tem nome mas tem endereço.Aqui dentro.Aí fora.Não muito longe e não muito belo, mas gracioso o suficiente para não assustar.Cheio de vazio, procura por qualquer coisa para preencher lacunas, perde o nível cada vez mais e mostra-se tão podre e sujo quanto alguém que preenche orifícios, mas encontra você.E talvez seja mais que o suficiente.É simplesmente uma questão sobre ser menos você e mais mim; é uma grande mentira que o tempo cura as feridas.Inventa e desinventa sentimentos apenas para passar o tempo, como se colocasse o coração no microondas sem saber quantos minutos deve deixar e acaba estragando o banquete.Talvez só fuja das soluções por gostar do conforto de não fazer absolutamente nada que não seja reclamar.Sabe que não vai à nenhum lugar, e nem se importa, pois sabe que em nenhum lugar é tão tedioso e frio quanto em lugar algum.Enquanto for doce, será diabético, e quando der por si, engasgar-se-á com as próprias amídalas - será tarde demais.O último a sair apaga a luz.E deixa tudo escuro mais uma vez.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Pai Nosso que não se importa,
Maculado seja o vosso nome,
Venha a nós o vosso desprezo,
Seja (des)feita a vossa vontade,
Assim na terra como em lugar algum.
O pão nosso de cada dia nos nega.
Castigai as nossas ofensas,
Assim como nos vingamos
De quem nos tem ofendido,
Ave maria cheia de pústulas,
Maldita sois vós entre as meretrizes
Satã e Maria,mãe de deus
Rogai por teus filhos abortados
Agora e na hora de nossa morte
Não nos deixei cair em tentação,
Mas livrai-nos do mal.
 
Em nome do pai,
Do filho
E do espírito Satan.

Amém.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Parafraseando a mim mesmo; antes da explosão, a inércia.Tudo calmo, calmo até demais.Como se todos os pseudo-inimigos resolvessem tirar férias juntos, como se toda a dor e toda a frescura se cansassem de mim, simplesmente todos os problemas vão embora, minha única preocupação tem sido tomar os remédios na hora certa.Aceitar as coisas como são torna tudo um pouco mais fácil, muda-se apenas o que incomada o suficiente para fazer mudar de lugar.Conformismo não é nada mal quando simplesmente não se quer gastar do seu enorme potencial e se desfazer de sua excedente arrogância, basta não esperar nada de ninguém, pois não têm nada a oferecer, sonhos são para quem tem medo da realidade.

Catarse vai embora e sobra o que restou, algo perto de um tetraplégico com asas, inérte porém livre.E como tudo que não machuca dura pouco, a única questão relevante no momento, é o momento no qual tudo caíra sobre meu telhado de novo.Como um condenado no corredor da morte, espero sentado e em confortável segurança pela hora da (des)verdade.Ok, eu sempre exagero.Mas algo grande vem por aí.E se não fuder com minha cabeça, vai fuder com meu coração.E eu mal posso esperar.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Semáforo.

Engole o vômito e espera o sinal fechar.Tonto.Não lembra de onde veio e não tem pra onde ir.No bolso, moedas pequenas, um maço de cigarros semi-vazio e um esqueiro sem gás, no peito, culpa e fumaça.

Amarelo.Lembra-se de dois abortos e da ex-namorada, acende um cigarro e não sabe para qual lado seguir.Tempo demais, pessoas em volta e tenta-se afirmar qual está mais perdida.A úlcera arde e toma concentração e tempo, ferida interior, grande como um olho e pequena como um coração.

Vermelho.E todos andam, cada um para um lugar, cada um para lugar algum, cruzando caminhos e se perdendo e se separando para sempre.Um trago e a esperança de que a dor diminua.Não cessa, não morre.Olha o céu, cinza, infinito.Ninguém mais por perto.

Verde.Alguns passos à frente, e um barulho ensurdecedor.E a verdade vem suave como um murro na boca do estômago, toda a luz se apaga. Cai no chão e aguarda ajuda enquanto os carros desviam e buzinam,o mundo não deixa de girar.

Na faixa de pedestres, o mundo torna-se preto e branco, sangue pelo nariz e a certeza de que irá embora em um saco preto.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Não conte comigo, eu não conto com você.