O carnaval termina e enfim o ano começa. E com o carnaval, o verão vai embora. Entre ressaca, preguiça e contas pra pagar, sobram possíveis doenças sexualmente transmissíveis, pedidos para segunda via de documentos perdidos e os hits de verão.
Patrocinados por grandes gravadoras, artistas pré-fabricados de um só sucesso nos são empurrados goela abaixo. A cada ano um novo zé ninguém é escolhido pra ser a bola da vez. Música grudenta, porca e sem conteúdo, quanto mais bestificante melhor. Algo que te torna tão sem opinião ou vontade própria, ao ponto em que whisky ou água de coco pra você tanto faz.
E ao longo do ano o pseudo artista faz centenas de shows e as gravadoras e produtoras de eventos enchem o rabo de dinheiro às suas custas. O cara aparece no Faustão, no Gugu, na Hebe e na puta que o pariu até que de alguma forma alcance você, que por mais que queira, não consegue fugir.
Enquanto gente que não tem nada a dizer tem espaço na mídia, os verdadeiros artistas passam fome e geralmente precisam de um segundo emprego para sustentar sua arte (ou escrevem em blógues toscos como esse, haha). Apesar de a internet ter mudado a forma e a facilidade com que a informação ou arte são compartilhados e acessados, as grandes companias, sejam de música ou de entretenimento sempre vão querer que você seja burro e compre seus produtos.
Ninguém mais lembra do Rebolation. Ninguém canta mais a música do delícia, assim você me mata. E ano que vem provavelmente as músicas idiotas que são entoadas hoje a plenos pulmões pela multidão também caiam no esquecimento, são todos descartáveis.
Nesse mundo onde nada dura muito e onde amor hype rapidamente se transforma em término de namoro, seja menos idiota. Desde o lugar onde você come ou faz compras até o que você lê e escuta, não seja descartável também. Seja menos eles, e mais você mesmo. Ou então, continue dançando o Gangnam Style até que um novo artista sem arte seja empurrado a força nos seus ouvidos e no seu bolso.