segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Anjo

A lei do eterno retorno traz pra você tudo de ruim que fizeste para mim, e a lei do retorno te faz retornar, como já era sabido e previsível como tu.E não sei se retornas por medo de estar só ou se retornas por eu ser o menos escroto dentre os escrotos que te divertem.Jamais é uma palavra que não tem o menor valor, assim como amor.O mundo dá mais voltas do que se percebe, e eu, que sei como é perder no seu próprio jogo, sei o quanto é difícil seguir, e isso até me agrada.Engraçado como as pessoas ficam boazinhas quando fragilizadas, por alguns instantes, chega a dar dó.Vingança é perda de tempo e de energia, mas um pouco de diversão não faz mal a ninguém.Essa merda tem tudo pra dar errado mais uma vez, eu, que sempre estou indo embora e você que sempre está voltando.Ao seu lado por outro breve período talvez seja a melhor coisa que pode nos acontecer.Você é tão adorável quanto um anjo.Anjo de cemitério.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

I bid you farewell,
see you in hell.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Por mais que eu tente, nunca consigo amputar de mim essa inocência boba e essa benevolência inútil que tanto me fodem.Últimamente, a única coisa que eu tenho esperado das pessoas em troca da minha sinceridade e do meu carinho é que elas não me apunhalem pelas costas.No entanto a única coisa que eu tento manter distância é a única coisa que fica perto de mim, se aloja como hóspede na minha caixa toráxica e deixa o peito pesado, de forma que você tropece e quase caia a cada passo que tenta dar.

Talvez isso tudo seja pagamento por ter sido escroto e mentiroso por tantos anos.Ou então talvez eu só não tenha me surpreendido tanto com a capacidade de filhadaputagem das pessoas antes porque eu eu não mantinha contato com pessoas.Estou ficando doente, dessa vez chega a ser físico.Gripe, febre, tosse de cachorro, dores no corpo inteiro e a respiração pesada como se eu carregasse um caminhão de entulhos nas costas.Meu rendimento que já era baixo agora esta na margem zero...e mesmo toda força de vontade e pensamento positivo e paciência não são o suficiente.Eu só quero deitar e descansar, mas minha vontade de tentar me redimir comigo mesmo é tão grande que eu mal consigo dormir 4 horas completas.

Parece que cada minuto seguinte ao minuto presente será um disperdício do minuto anterior.Perda de tempo é um preço muito alto a pagar, espero que valha de alguma coisa no final das contas.Eu só queria um pouquinho de resultados dessa vida abstêmia de drogas, putaria e ódio.Se eu continuar dando os braços a torcer daqui a pouco eu fico aleijado.

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"Run away, I can't stay
Lead the way, make you pay

Counting on me
Always hoping I'll be
There for all of your problems
And in turn you're never there for me
You sucked the life out of me
You hate everything you see
I can't take this anymore
I always stay when I should leave"

domingo, 13 de fevereiro de 2011

E quando me perguntam como ou porque eu me tornei tão frio e sem emoções eu mesmo não sei responder.Eu sempre vejo as pessoas pelas costas porque elas sempre estão indo embora.Todos passam e levam um pedaço e deixam alguma marca, ao mesmo tempo que me destroem, um novo eu se constrói a partir de escombros que logo é destruído para então ser construido algo novo.E as novas construções tem material cada vez mais fraco e são cada vez mais pobres e imperfeitas.

Às vezes eu até gosto de me sentir assim.Às vezes me surpreendo com minha própria falta de sentimentos, o não amar, o não odiar, o não viver; estado de torpor, apático, patético, apatético.E nenhuma boca tem gosto, e nenhum olhar tem cor, e nenhuma mão esquenta a minha.O problema sou eu.E às vezes eu até prefiro que seja assim e que eu seja o único problema.Parece que a única coisa que eu sinto é falta de sentir.E assim eu já me sinto bem.

As mentiras que eu conto e as mentiras que me contam formam lindos casais que se esfaqueiam entre si e se engasgam com seu próprio sangue.Ninguém é inocente, e ao mesmo tempo ninguém merece punições tão severas.E como papel de bala que voa por várias calçadas em dias de vento eu me deixo levar só pelo prazer do desprazer.Duas maçãs podres que juntas não dão nem metade de um pedaço bom; talvez eu só perca tempo e energia com coisas que não vão à lugar algum porque de fato não queira ir à lugar algum.Antes de preparar minhas malas eu preparo curativos e ataduras, porque se tem algo que eu nunca falho é em falhar.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Quatro dedos na sua buceta
Pior é quem faz ou quem permite?
Um dia e um ano não fazem diferença
Aponta e atira antes que eu grite

Minha lingua na sua gengiva
Dentes afogados em saliva

Dentro de você, tão incômodo quanto peso na consciência
Fora de você, tão certo quanto dependente químico e abstinência

Viciante como morfina
Seiva doce e fina

Não faz diferença quanta diferença faz,
Quanto tempo falta para chegar no fim
Não espero nada de você
Assim como não esperas nada de mim

domingo, 6 de fevereiro de 2011


Entre tropeços pelo asfalto mal pavimentado, vandalismos leves e conversas de bêbado, chega-se à única conclusão da noite que faz algum sentido: A SELVA É SELVAGEM.Percebendo que a vida é uma analogia porca de si mesma, decido continuar o resto da noite sozinho como sempre fui, como sempre foi.Bêbado o suficiente para não me lembrar qual a diferença entre selva e floresta, me imagino uma raposa.

Raposa solitária, que mora na metade da montanha, mas não é apenas uma montanha, é a montanha mais alta do mundo, mais inóspita, mais gelada.Raposa sem matilha, raposa sem escrúpulos, raposa sem coração, que mora em uma fenda na pedra e lá se aloja até que precise de algo, saindo então para matar e destruir qualquer sinal de vida que encontrar em seu caminho.

Raposa esta que não se arrisca, que não petisca, que não sorri.Restos de carne entre os dentes, manchas de sangue no pelo fosco, a fenda na pedra se torna uma extensão de seus próprios pensamentos e desejos.Escuro e seguro, gelado e sozinho, não tem lugar para mais de um.

E os anos vão passando e a raposa vai envelhecendo e fica cada vez mais difícil se esconder e se alimentar, e a cada minuto que passa fora de sua toca a raposa se torna presa fácil para qualquer faminto ou odioso, e então agora a raposa que se encontra no caminho dos outros e não o oposto.A cada dia que acorda a raposa sabe que pode ser seu último, a cada refeição, sente que poderia ter comido mais.

E desde o início o fim vem se aproximando como um trem, gigante e infinito, e tudo que foi feito não terá a mínima importância, e tudo que não foi feito deixa um peso de uma tonelada na consciência da raposa, no fim das contas só sobra remorso e solidão.Aceitação dos fatos faz parte da vida.E a raposa senta e aguarda por algo que sequer imagina o que é.

Na metade da montanha mais inóspita e mais gelada, a raposa observa a névoa e ouve o vento soprar uma canção de despedida.
Do chão não passa.Se a raposa não quebrar o chão, o chão a quebra.E tão pesada quanto a gravidade a raposa voa até que se choque contra o solo.As raposas não tem escrúpulos, as raposas não tem coração.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

"Odeio quem me rouba a solidão sem verdadeiramente me oferecer companhia."

Nietzsche

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Agora.

A partir de agora o peso na minha consciência só serve para fazer musculação.
A partir de agora quando eu quebrar a cara eu ao menos quebrarei o gelo.
A partir de agora eu só me machuco para lembrar que sou humano.
A partir de agora eu só sorrio para agradar quem me dê algo em troca.
A partir de agora tudo vai ser a mesma merda que sempre foi.
A partir de agora não tem mais agora.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Buraco

Que buraco sem fim, nem tem água e eu estou me afogando...
Até o pescoço.
Até a alma.
Até a puta que o pariu.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Ainda não descobri se virei bicho ou virei bixa, as coisas nunca mais foram a mesma coisa desde que eu...nem sei quando ou o quê...é como acordar no próprio vômito e nem se lembrar de como foi parar onde está do jeito que está.As coisas acontecem de tal forma que você só percebe que está fudido quando a rola entra no seu cu.E você come tudo que encontra pela frente só para não fumar um cigarro, e você falseia todos os sorrisos que dá e não é nem por educação, e você vai ao banheiro toda hora chorar escondido, é como se todo o passado e a parte que você amputou de você mesmo voltasse em uma noite chuvossa dando murros na porta e pedindo pra entrar.Vai acordar os vizinhos, vai chegar atrasasado, mais atrasado que sua menstruação, mais escroto que eu, mais escroto que sanduíche de picles.Meu coração cabe em uma caixa de fósforos, na sua buceta cabe um anão, e quanto mais cedo os moribundos aceitam a morte, mais fácil fica encomendar o funeral.Faz tanto sentido quanto querer e não poder, faz tanta diferença quanto amar e jogar isso fora.Procedimentos de rotina, instrumentos esterilizados, o paciente já espera na sala de operações com o cu pra cima e a dignidade na casa do caralho.Normal, sempre acontece, tipo os filmes repetidos da sessão da tarde.No fim das contas, ninguém gosta de mim e eu não gosto de ninguém, especialmente de mim mesmo.