quarta-feira, 20 de maio de 2015

Aleg(o)ria

Sem alegria
Segue o poeta
Sem alegoria
Em linha reta

Em rumo
Comum
Sem rumo
Nenhum

O caminho é a viagem
O sangue é a passagem

Sem ida nem volta
Sem velo ou escolta
Fumando desilusão
Engolindo a seco
O que não se diz

Em busca do gozo
Da vida e do sexo
Nublado e chuvoso
Sem paz e sem nexo

Deitar pra descansar
E nunca mais
Acordar

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Cartinha de Amor Aleatória

Sua voz enche o ar e me envolve como um cobertor, bem quentinho. Mesmo quando briga comigo, mesmo quando quando não diz nada. Teu olhar fala por você. Par de olhões jabuticaba que não me enganam nem quando tentam. Isso te frustra. A mim também. Vai ver um pouquinho de engano e ilusão às vezes faria bem. Vai ver a melhor coisa que a gente poderia fazer no mundo nesse instante fosse se enrolar juntinhos num pano pra assistir um filme açucarado. E dormir antes da metade do filme, haha. 

Todos os altos, os baixos, os terrenos planos e os planos, os sonhos e as desilusões também, sendo trechos dessa viagem como pontos turísticos, alguns onde se passa mais tempo que outos, alguns nem tão bonitos assim. Viagem essa que não tem destino, a gente só vai, mas vai junto. Mesmo sem tar junto. Descobrindo cada curva dessa montanha russa, sempre dividindo o mesmo copo, porque é mais gostoso que beber separado. 

- "Cadê o copo dele?"
- "O copo dele é o meu."


Entre beijinhos de chegada e de despedida, entre pontes aéreas e entre vidas passadas e futuras, a gente vai ao longo dos anos construindo a quatro mãos, tijolinho por tijolinho nosso castelo, que é todo torto mas bem quentinho e confortável. Como a minha asa pra você, como o teu colo pra mim. Vivendo de saudade e de amor, vivendo por ambos, que são gana de vida, de felicidade.  Entre cenas (muitas cenas, rs) e atos a gente escreve nosso romance tragicômico dramático (pra caralho) meio que já sabendo (e desejando) que no último capítulo a gente ainda teja junto de cabelo bem branquinho e talvez até dando beijinho com a boca banguela. No fim das contas as opiniões alheias não tem crédito ou base quando o que é nosso é só nosso e de mais ninguém, só a gente sabe.

- "Ah, Dindi, se tu soubesse..."


No fim de todas as briguinhas a gente sempre relembra que o outro ainda tá presente pra um abraço. Na inconstância de humor das TPMs nunca falta um carinho. Nas choradeiras bêbadas nunca falta uma lambida pra secar as lágrimas, como dois gatinhos, nunca falta um abraço quente e conforto pra alma, nem nos "anos de solidão" mais solitários da vida inteira, rs. Nos cinzas mais negros e espinhosos nunca falta uma palavra amiga ou um esporro (BRAAABA!), quando necessário, pois amigos não são pra falar só aquilo que a gente quer ouvir. Nas maiores brabezas nunca falta uma implicância (e como a gente adora implicar com o outro!) que faça surgir uma gargalhada. Não importa qual o pesar, o apesar, que é esse amor sempre supera e cresce, "apesar de tudo"...


Todos esses anos de segredos e descobertas, a gente já se ensinou e aprendeu tanto juntos...nessa troca de professor e aluno, troca de fluidos corporais e de qualquer outra coisa possível de se compartilhar...nosso primeiro encontro da forma mais improvável possível virou paixão quase que de imediato...paixão por anos reprimida, negada, atropelada, difícil, linda. E hoje, quase uma década depois é essa coisa maior que a gente, maior que a estrada e qualquer coisa que se ponha no caminho. Esse amor desafiador, rebelde, as vezes inconsequente. Todos esses anos compartilhando tanta coisa da alma...vai ver ninguém me conhece tão bem quanto você e ninguém te conhece tão bem quanto eu. 

- "Meu arroto, meu peido, eu comendo feito uma ogrinha...você é o único que já teve acesso a essas coisas."
- "Que privilégio!"


Sim, privilégio, meu bem. Nossa intimidade é a coisa mais gostosa do pacote...essa liberdade de estar a vontade o tempo inteiro, de se aceitar porque se ama, de se admirar, essa lealdade tão doida. Sem contar os charminhos e as provocações, os apelidinhos bobos (e hoje em dia nome de verdade é só pra hora das briga, rs ) e toda a manha e o dengo do mundo...é bom demais poder ser teu amigo, teu amante, companheiro. 


Já faz tanto tempo, pretinha e de alguma forma parece que ainda é só o começo...a menininha e o muleque viraram mulher e homem, quase marido e mulher. 

- "Tá quase casado e me chama de peguete?!?!"
(duas hora de brabeza e bico.)


Enfim, não sei muito bem onde quero chegar com isso nem quando lê...já falei pra caralho e nem falei coisa nenhuma no fim das contas. Acho que só queria mesmo falar de amor. Meu amor, que é teu. O resto, você já sabe todos os dias. O resto é segredo. O resto a gente encara, ou só fica de preguiça e nem levanta da cama.

- "Vamo tomar uma atitude pra vida e levantar no 3!"
- "Um...dois...três!"
(continuamos deitados, rs)


Mil beijinhos,

Preto.