quinta-feira, 16 de julho de 2015

(Des)Anuvio

Flutuando plena e livre, percorrendo o céu de lugar algum para parte nenhuma, segue a nuvem, sem rumo nem compromisso, sem esperar ou dever nada a ninguém. Soprada pelo vento, banhada pelo sol. Silêncio e solidão na imensidão atmosférica. Lá em cima parece bem melhor que aqui. E quando todo o peso corrompe a pureza do céu azul fazendo cinza, tempestade. Purificante, expulsando tudo que faz mal, literalmente, lavando a alma. Nuvem no céu que é um dragão. Ou um grande algodão doce, ou um bonito animal, ou coisa nenhuma. Nuvem que com o sabor do vento, rapidamente se reinventa e muda de forma, deixando para trás todas as lembranças, se tornando algo novo, que não se repete, autosuficiente. Mais leve que o ar, fazendo sombra em algum lugar aqui embaixo. Com poucos propósitos, cada nuvem sabe de si mesma, em um eterno processo de transformação. Faça chuva. Faça Sol. A nuvem é nublado incompreendido e indesejado, às vezes coletiva, às vezes independente, indefinidamente covarde ou intrépida. Que sempre muda mas continua igual. Que se deixa levar sem medo em meio ao desconhecido. Que se põe no caminho ou faz um caminho novo. Mais ou menos como cada um de nós. Antítese do céu de brigadeiro. Como a escuridão é para a luz. Como eu para você. Como você para si próprio. O tempo é nublado. Boas condições para um bom vôo.