quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Semáforo.

Engole o vômito e espera o sinal fechar.Tonto.Não lembra de onde veio e não tem pra onde ir.No bolso, moedas pequenas, um maço de cigarros semi-vazio e um esqueiro sem gás, no peito, culpa e fumaça.

Amarelo.Lembra-se de dois abortos e da ex-namorada, acende um cigarro e não sabe para qual lado seguir.Tempo demais, pessoas em volta e tenta-se afirmar qual está mais perdida.A úlcera arde e toma concentração e tempo, ferida interior, grande como um olho e pequena como um coração.

Vermelho.E todos andam, cada um para um lugar, cada um para lugar algum, cruzando caminhos e se perdendo e se separando para sempre.Um trago e a esperança de que a dor diminua.Não cessa, não morre.Olha o céu, cinza, infinito.Ninguém mais por perto.

Verde.Alguns passos à frente, e um barulho ensurdecedor.E a verdade vem suave como um murro na boca do estômago, toda a luz se apaga. Cai no chão e aguarda ajuda enquanto os carros desviam e buzinam,o mundo não deixa de girar.

Na faixa de pedestres, o mundo torna-se preto e branco, sangue pelo nariz e a certeza de que irá embora em um saco preto.

4 comentários:

Lucas Vallim disse...

Até hoje o que eu mais gostei daqui! Muito bom, e mesmo com as coisas "ocultas" dá pra se entender tudo que se passa.

Anônimo disse...

Bem ao teu estilo de abordar brilhantemente esse lado mais forte, sombrio. Como sempre, saí encantado.

camila disse...

Muito bom mesmo!!

Marji disse...

Vermelho: Você vai ficar aí e esperar até que essa merda abra. E quando abrir, você vai andar sem rumo e sem saber se um dia regressa.

Amarelo: Não tem mais volta. Suas decisões já foram tomadas. Não existe meio termo. Ou vai, ou fica.

Verde: Você sai. Chega. Escuta tudo o que não quer escutar e se arrepende por continuar com isso. Quer parar, mas não consegue. As cicatrizes são para sempre.

Todo dia é sempre assim.

Ps: Não dê sugestões que podem ser acatadas.