"Lá fora está chovendo.
Aqui dentro também..."
domingo, 15 de abril de 2012
segunda-feira, 9 de abril de 2012
Botafogo
É carnaval, e eu desbando pelas ruas do Humaitá
Eu saio atrás de você já sabendo que não vou encontrar
Uma dose atrás da outra, as pessoas estão tão coloridas
Cada glória sem motivo é um grão de sal a mais nas minhas feridas
Com um coração que é mais seu que meu
Eu ando pelo paredão do São João Batista
E vejo os mortos, tão vivos quanto eu
Quando morrer, quero morar num tumulo com vista
Na Álvaro Ramos o bloco dos barbas começa
O carro pipa afoga os foliões, aqui ninguém se estressa
E eu sinto solidão,
no meio da multidão
Os foliões se divertem como se não houvesse amanhã
Fazendo coisas mais sujas que a praia de Botafogo
Os bêbados geniais despejam sua filosofia vã
Paixão e sedução, tudo não passa de um jogo
Eu negocio beijos inegociáveis
Com mulheres inimagináveis
Sem sucesso algum
Sou apenas um
Mortal
Morrendo na cidade Maravilhosa
Rio de Janeiro, fevereiro, 2012.
Eu saio atrás de você já sabendo que não vou encontrar
Uma dose atrás da outra, as pessoas estão tão coloridas
Cada glória sem motivo é um grão de sal a mais nas minhas feridas
Com um coração que é mais seu que meu
Eu ando pelo paredão do São João Batista
E vejo os mortos, tão vivos quanto eu
Quando morrer, quero morar num tumulo com vista
Na Álvaro Ramos o bloco dos barbas começa
O carro pipa afoga os foliões, aqui ninguém se estressa
E eu sinto solidão,
no meio da multidão
Os foliões se divertem como se não houvesse amanhã
Fazendo coisas mais sujas que a praia de Botafogo
Os bêbados geniais despejam sua filosofia vã
Paixão e sedução, tudo não passa de um jogo
Eu negocio beijos inegociáveis
Com mulheres inimagináveis
Sem sucesso algum
Sou apenas um
Mortal
Morrendo na cidade Maravilhosa
Rio de Janeiro, fevereiro, 2012.
domingo, 8 de abril de 2012
Sem raça definida.
Um bar qualquer no meio da Zona Norte e eu já imaginando que você não vem te espero para termos nossa última conversa. Domingo de tarde, sol escaldante e eu engulo um rabo de galo como se fosse água gelada esperando que a tremedeira nervosa ou os batimentos cardíacos acelerados diminuam um pouco, pensando que teria sido melhor ficar em casa vendo o Domingão do Faustão.
Entre cervejas baratas, pessoas falando alto e seu atraso de quase meia hora, eis que minha atenção é tomada. Como se desafiasse cada um de nós a tentar fazer o mesmo movimento elástico e ousado, no meio da calçada de cimento, o vira-latas lambe seu próprio pau com esmero. Magro e decadente, porém forte e auto-sufiente, o cão pede comida aos bêbados que o enxotam para longe com chingamentos, copos de cerveja gelada ou chutes. Sem desistir, o cão dá uma volta na rua cheirando o chão desesperado, como se tentasse encontrar um lugar melhor, e faminto e fracassado, acaba voltando para o mesmo lugar.
Por pura falta do que fazer e em uma tentativa de me distrair e te esquecer por alguns minutos eu compro um espetinho de churrasco de aparência duvidosa, mas com um cheiro maravilhoso, e chamo o cachorro, que vem prontamente, desconfiado, com a língua grande pendendo para o lado da boca e pingando saliva. Com o rabo entre as pernas e encolhido, ele se aproxima aos poucos. Os papéis parecem invertidos, e como se quisesse ganhar minha confiança, lambe minha mão. Rápido como a força da gravidade, o cão come a carne sozinho e me agradece com um olhar benigno e a bocarra aberta como se sorrisse, as presas a mostra, virando e indo embora, trazendo de volta o clima de enterro para dentro da minha cabeça.
Em menos de 10 minutos, torna-se insuportável esperar por você, que a essa altura (na verdade antes mesmo de sair de casa) eu já sabia que não viria. O melhor que posso fazer é pegar quase duas horas de viagem de volta pra casa e apagar você de mim, os cheiros, a voz, o telefone, os defeitos...não vai sobrar nada, da mesma forma que não sobrou nada de mim. E no fim das contas foi sempre assim, não só com você mas em todos os aspectos e possibilidades da minha vida. Eu sou o cachorro magro e sarnento correndo atrás do próprio rabo atrás de algo que nunca irei encontrar.
Entre cervejas baratas, pessoas falando alto e seu atraso de quase meia hora, eis que minha atenção é tomada. Como se desafiasse cada um de nós a tentar fazer o mesmo movimento elástico e ousado, no meio da calçada de cimento, o vira-latas lambe seu próprio pau com esmero. Magro e decadente, porém forte e auto-sufiente, o cão pede comida aos bêbados que o enxotam para longe com chingamentos, copos de cerveja gelada ou chutes. Sem desistir, o cão dá uma volta na rua cheirando o chão desesperado, como se tentasse encontrar um lugar melhor, e faminto e fracassado, acaba voltando para o mesmo lugar.
Por pura falta do que fazer e em uma tentativa de me distrair e te esquecer por alguns minutos eu compro um espetinho de churrasco de aparência duvidosa, mas com um cheiro maravilhoso, e chamo o cachorro, que vem prontamente, desconfiado, com a língua grande pendendo para o lado da boca e pingando saliva. Com o rabo entre as pernas e encolhido, ele se aproxima aos poucos. Os papéis parecem invertidos, e como se quisesse ganhar minha confiança, lambe minha mão. Rápido como a força da gravidade, o cão come a carne sozinho e me agradece com um olhar benigno e a bocarra aberta como se sorrisse, as presas a mostra, virando e indo embora, trazendo de volta o clima de enterro para dentro da minha cabeça.
Em menos de 10 minutos, torna-se insuportável esperar por você, que a essa altura (na verdade antes mesmo de sair de casa) eu já sabia que não viria. O melhor que posso fazer é pegar quase duas horas de viagem de volta pra casa e apagar você de mim, os cheiros, a voz, o telefone, os defeitos...não vai sobrar nada, da mesma forma que não sobrou nada de mim. E no fim das contas foi sempre assim, não só com você mas em todos os aspectos e possibilidades da minha vida. Eu sou o cachorro magro e sarnento correndo atrás do próprio rabo atrás de algo que nunca irei encontrar.
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