São Cristóvão, 4h da manhã, e já não se sabe mais se é sábado ou domingo. A garganta queimada, a lata cheia de idéia errada e a carcaça meio cansada, pedindo um chão pra deitar. O ônibus que não passa nunca e eu quase dormindo em pé, eis que chega um doidão.
- Koé, bom.
- Koé.
- Me arruma um cigarro desse ae.
- Pô, parceiro, te arrumo até 3! Peraí.
E conto no maço que só tem mais 4, e estou dando 3 pro doidão já me arrependendo, mas entrego mesmo assim, pois promessa é dívida.
- Tem esqueiro ae, bróder?
- Tem sim, tá tranquilo. Pô, te mandar o papo pa tu de que eu bem ia te assaltar, mas tu é maneiro pa caralho, humildão.
- Ih, mané, tamo junto então.
- Pô, tô com uma pontinha aqui, tá afim de torrar?
- Que isso, já tou indo pra casa.
- Então vai lá, irmão, fé em deus!
- Fé em deus, amigo.
E o doideira vai andando meio torto pra qualquer lugar, com um Marlboro na boca e dois na mão. Ainda levou quase meia hora pro ônibus passar, e eu fiquei ali rindo sozinho, pensando que se tivesse aceitado o convite de torrar um com o doidão a espera ia ser mais divertida. Dessa vez foi quase.
Um comentário:
Da série "O Lucas é mó rabudo e não sabe" .
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