domingo, 19 de junho de 2016

Ervilha

Meu coração é uma ervilha
Um buteco com eco, vazio
O banheiro do teco, lotado
Meu coração é horrível,
Mas tudo tem sua beleza,
Então, meu coração é lindo
E meu colesterol está sen-sa-ci-o-nal

Meu coração vale quanto pesa
Duas toneladas de amor e ódio (mais amor do que ódio)
Meu coração é um elefante branco

Muita saúde pra dar e vender
E estou dando e vendendo (quem pagar mais leva)
Pra fazer aquela grana extra
E pagar minhas conta (e outras parada)

Pois aqui alguns sorrisos são grátis, mas outros custam muito caro
Pois por aqui tudo tem seu preço e tudo tem seu valor

Meu coração é marginal
Meu coração é anti-herói
Meio entre o bem e o mal
Mais destrói do que constrói

Meu coração é ruim da cabeça e doente do pé
Mas adora sambar (todo duro e desengonçado) na cara do perigo

Meu coração é uma favela
Sem saneamento básico (esgoto a céu aberto)
Meu coração é um cinzeiro
Que esqueceram de limpar (fim de festa é foda)

Meu coração é sem querer querendo
Meu coração é o RJ no inverno (e com chuva)
Meu coração é a Sibéria 

Meu coração é uma ervilha
A soneca do domingo à tarte
A tristeza do domingo à noite
A preguiça da segunda de manhã
A lascívia da sexta feira de noite
Meu coração é presente de grego 
Mas dá pra trocar sem nota fiscal


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