O mesmo lugar em um lugar diferente, já estive por aqui em outro lugar. Cabeça confusa, tudo meio sem sentido. Sensação de déjà-vu e a brisa me abandonando rápido. Choque de realidade com tédio, não tem graça, mas como diria Cartola, "rir pra não chorar." Ou só porque estou achando engraçado mesmo. E parafraseando Cartola novamente, "deixe-me ir" que já passou da minha hora.
Desengonçado, tento tirar sua cabeça do meu peito e levantar sem te acordar. Sorrateiramente barulhento, vou tateando no escuro enquanto ouço o som da tua respiração pesada procurando tudo que for meu e eu puder resgatar. Dessa vez um pé de meia fica pra trás. Souvenir pra você lembrar de mim com arrependimento. Pra fazer valer aquela máxima de que a gente deixa um pedaço de si por onde passa. Pra depois você ter mais um motivo pra encher a boca quando for falar que homem não presta. Mas afinal, quem é que presta?
Dilema de consciência por saber que você é de verdade. Mas eu supero, hoje sou de mentira. E de mentiras eu sei que você já tá farta. Com aqueles olhares a gente encurtou um bocado de conversa. Com esse pinote a gente encurta mais conversa ainda. Foi bonito, mas foram beijos técnicos, faz parte do espetáculo. Sem agradecer a audiência, o ator deixa o palco apressado esperando que a padaria da esquina já esteja aberta pensando somente em comer quatrocentos e oitenta e sete bilhões de pães de queijo e um baita copão de coca-cola bem gelada (mas sem gelo).
Não dizem que de boas intenções o inferno está cheio? Às vezes é sem querer, erros honestos acontecem. Há males que vem para o bem e nisso eu sei que sou bom, o melhor dos males que pode te acontecer. Talvez seja essa a minha missão na Terra. Não é nem que eu tenha que partir. Eu só não quero ficar.
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