Nasceu chorando.Quando era bebê, proavavelmente, uma das primeiras palavras que aprendeu foi "adeus".Aprendeu a andar sozinho.Caiu pra caralho no meio do caminho, tropeçou em cima de muitos, e de certa forma, mesmo que se arrastando, sempre passou po rcima de tudo e todos.Ouvir os gritos das crianças brincando e sempre ter que só ouvir talvez tenha ajudado em alguma coisa, tem gente que já nasce velha.
Chega em casa e enfia os dedos na boca, de forma que empurrem as amídalas pra dentro e vomite tudo que aflige, não tem êxito, mas como se gostasse do gosto azedo, por vezes prefere repetir a experiência.Cresce entre livros e desenhos animados.Percebe que Pica-Pau é o único que tem dois palavrões num só nome, e sem querer, tem como ídolos os piores exemplos possíveis.Toma cuidado, de forma que se torne um ídolo de pedra.E quase consegue.Mas ainda tem coração.
Com o tempo, degrada, erode, se fode.Aprende a não aprender nada, e ao invés de procurar verdades, cria mentiras como bichos de estimação, bom monologador, sempre teve bons amigos imaginários que sempre matou.Não sai de casa, pois tem medo de pessoas.Desenha nas paredes do quarto.Fuma escondido dos pais.E com um pouco mais de tempo, vira um monstrinho quase adulto, que quase sempre perde na seleção natural.
Faz do artificial, do sintético, fonte de vida, refere-se a si próprio na terceira pessoa, pois sabe que além de tudo, é um mero personagem.Preenche o vazio com fumaça e esquece de fazer sentido quando quer e quando precisa.Sabe que quando as palavras faltam é melhor ir embora ou ficar calado.E percebe que as palavras começam a faltar.
"Certos homens nascem póstumos."Seria necessário morrer para comprovar, ou é apenas arrogância demais?Provávelmente, trata-se apenas de pura arrogância mesmo...
sábado, 17 de outubro de 2009
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8 comentários:
Tu me deixa sem palavras...
todos somos personagens.
=)
Cresce entre livros e desenhos animados.Percebe que Pica-Pau é o único que tem dois palavrões num só nome, e sem querer, tem como ídolos os piores exemplos possíveis
HAHAHA, minha infância
Curti a do pica-pau... hahaha, nunca tinha reparado nisso...
E de repente eu sei tanta coisa sobre você, que ler seus textos nem é mais tanta incógnita... Adorei, como sempre :)
Eu acredito em disfarce, mesmo sabendo que este acaba com o que há por dentro.
E sim, Nietzsche estava certo.
Que seja arrogância, que seja, estava certo.
Quando era bebê, proavavelmente, uma das primeiras palavras que aprendeu foi "adeus".
Brilhante.
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