quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

O próprio dito popular prevê que tudo que é bom dura pouco e acaba tão rapidamente quanto um trem desgovernado, e quanto mais o tempo passa, mais a questão responde a si própria, e com louvor, com prazer, me destrói.Como se houvesse descoberto a pólvora, fazia de tudo flores, iluminava o mundo com uma nova e bela luz, como se fizesse enxergar melhor com os olhos fechados.Aceitava os efeitos colaterais com um sorriso e voltava a dormir, tornara-se um zumbi e pela primeira vez se sentia normal, como se o simples pensar ser diferente fosse uma doença, estava curado, bastavam três bolinhas por dia.

Enfim dormia mais que quatro horas por noite, enfim pensava menos e agia menos ainda, e como consequência, não sofria qualquer tipo de dano, era uma nova vida, como se se sentisse novo, em constante trabalho muscular, e ao mesmo tempo em eterno repouso. No início as bolinhas cortavam os pensamentos que pungiam, funcionavam como escudo, como barreira entre os emissores e os receptores de seja lá o que for, tornavam palavras menos ácidas, secavam lágrimas e destruíam pensamentos prejudiciais com a precisão cirurgica de um franco-atirador.

Torna-se real após anos em um casulo, e do quarto cinza sai para o mundo.Então percebe que nem faz tanta diferença entre os dois.Sente os clássicos sintomas, sobretudo a familiar vontade de desaparecer, e começa a ficar nervoso, precisa de mais, precisa sair de seu caminho antes que atropele a si próprio.E como se fosse mágica, põe pra dormir o pior(ou o melhor) de si e de quebra ainda vai dormir junto.Mas não por muito tempo.

Três comprimidos vermelhos não são mais o suficiente para fazê-lo dormir, para mantê-lo em estado torpe, apático; já não provoca o mesmo efeito sobre ele, que perde efeito e noção à respeito de qualquer coisa.Aumentar doses é solução temporária, assim como toda solução.Os problemas estão aí para nos forçar a mudar e crescer, e pelo menos para ele, a única coisa que parece crescer é a quantidade de comprimidos por dia a serem ingeridos...

5 comentários:

Fabi Penco disse...

P.S: I miss u.
comprimidinhos vermelhos
são apenas drágeas! Será?

Anônimo disse...

Pílulas veneno-antimonotonia. Ou será que trazem o tédio e a solidao que EU MESMA tento espantar na base de indiferença e sorrisos fabricados?
Vai saber...
Beijo.

@tabathalacerda disse...

concordo com tudo o que você disse. nossa, me senti burra e nao culta lendo. HAHAHA remedinhos vermelhos, eles dao em arvore, tipo aquelas frutinhas lá. vai ver por isso nao me deixavam comer, hm. beijo :D

Julia disse...

Levanta e vai, porra.
Quando eu te ver denovo vou te meter a porrada.

Daniel disse...

Viver a vida é uma dura realidade para maioria das pessoas. Jamais vou ficar escravo de qualquer falsa sensação, do torpor, mesmo que as vezes eu me embebede. Não pra fugir. Jamais.

abs