Eu não estou aqui, e sinto como se não estivesse em lugar algum boa parte do tempo. A vida segue parada e sem muita previsão de movimento para qualquer lado, eu me sinto como um carro preso no engarrafamento paulista na hora de voltar pra casa. E após dirigir por horas e horas sem dormir o cansaço e a culpa de não chegar a lugar algum somadas à falta de combustível e comida dão vontade de dormir ali mesmo, no banco do motorista e só acordar quando o resgate chegar.
É aqui que eu sempre venho vomitar meus sentimentos, e ultimamente, eu não tenho sentido muito. Como se Madame Morte tivesse se tornado Madame Morta, as coisas e pensamentos se assemelham aos finais de tarde de domingo, mais cinza que nunca, e toda aquela urgência por cores e formas se transformou em contentamento e baixa capacidade pulmonar.
Tudo meio sem graça e sem vontade, sem rumo e sem pressa, talve seja isso que aconteça com quem não tem nenhuma batalha para lutar. A razão de não escrever mais é porque não há mais nada para ser escrito. Pelo menos por enquanto. Eu posso passar a noite inteira olhando essas páginas brancas e o único pensamento que me incomodará será não chegar atrasado no trabalho. Ao mesmo tempo que o tempo falta há tempo de sobra. Eu só preciso de um tempo. De um tempo de mim mesmo.
domingo, 24 de junho de 2012
quinta-feira, 7 de junho de 2012
O melhor que você pode fazer é fazer o melhor que puder...
Te darei tudo que tenho, eis aqui meu coração
Bola de carne em avançado estado de putrefação
Nao serve para nada, mas o que vale é a intenção
Moribundo que ama a vida, mas é peixe fora d'água
Adiciona mais um quilo em sua tonelada de mágoas
Eu deixo a porta aberta para que possas vir pra dentro
No entanto, tudo que aqui entra são fumaça e vento
Outra noite sem dormir e eu mato uma garafa de vinho em silêncio
Quem espera para sempre acaba morrendo de velho
E o tédio juvenil já se transforma em conformismo da velhice...
Bola de carne em avançado estado de putrefação
Nao serve para nada, mas o que vale é a intenção
Moribundo que ama a vida, mas é peixe fora d'água
Adiciona mais um quilo em sua tonelada de mágoas
Eu deixo a porta aberta para que possas vir pra dentro
No entanto, tudo que aqui entra são fumaça e vento
Outra noite sem dormir e eu mato uma garafa de vinho em silêncio
Quem espera para sempre acaba morrendo de velho
E o tédio juvenil já se transforma em conformismo da velhice...
quarta-feira, 16 de maio de 2012
Sobre Juaninhas e carrapatos
Te ver é sempre incerto e cheio de expectativas, como jogar na loteria. E como no Pequeno Príncipe, "se vens às quatro, desde as três eu já serei feliz." Dezenas de pensamentos e sentimentos estranhos e chatos que eu não consigo explicar, nessa hora um botão de pausa na minha cabeça faz toda a diferença, e sem o tal botão, eu chego perto de enlouquecer e querer me jogar na frente do primeiro carro que passar só para ter um descanso de tanto amorzinho.
Tudo errado, esse não sou eu. Chato demais perder o controle sobre o que se pensa e diz, você vira uma bomba relógio prestes a explodir um monte de paixonite, e fica se policiando o tempo inteiro com medo de sujar as paredes com coraçõezinhos e tripas. É aí que se toma conhecimento de que Madame Morte virou uma garotinha apaixonada.
Me segurar em pé com as pernas tremendo e tentando parecer natural é ao mesmo tempo um espetáculo deplorável e engraçado, fazer e falar tudo errado, faltar coragem, uma verdadeira comédia de erros, coisa de iniciante, risível. Fazer parte do seu entusiasmo ao contar as noticias boas e ruins completa e anima, e como se fosse a melhor atriz da compania de teatro, por onde passa hipnotiza e ganha fãs.
Ter que fingir que não sei de coisas que eu sei e ficar calado é tão frustrante quanto praia em dia de chuva, e às vezes, o maior egoísmo do mundo de te querer só pra mim, quando não machuca e incomoda, chega a soar sensato e absolutamente normal. Você anda pisando em ovos, assustando os outros com seu próprio medo e um passo em falso pode causar mais danos que queimadura de sol, um verdadeiro tiro de escopeta na cabeça.
No fim das contas, eu, tentando somar, só consigo subtrair e dividir tudo, que é nada, que é muito e pouco ao mesmo tempo e de diversas formas, e que talvez eu nunca consiga entender ou explicar. A juaninha é a mais bonita e mais brilhante que eu já vi no jardim, é agridoce e vicia como cigarros, a juaninha engana os predadores e os transforma em presa, a juaninha apareceu do nada e comeu meu coração. A juaninha vai dominar o mundo.
domingo, 15 de abril de 2012
segunda-feira, 9 de abril de 2012
Botafogo
É carnaval, e eu desbando pelas ruas do Humaitá
Eu saio atrás de você já sabendo que não vou encontrar
Uma dose atrás da outra, as pessoas estão tão coloridas
Cada glória sem motivo é um grão de sal a mais nas minhas feridas
Com um coração que é mais seu que meu
Eu ando pelo paredão do São João Batista
E vejo os mortos, tão vivos quanto eu
Quando morrer, quero morar num tumulo com vista
Na Álvaro Ramos o bloco dos barbas começa
O carro pipa afoga os foliões, aqui ninguém se estressa
E eu sinto solidão,
no meio da multidão
Os foliões se divertem como se não houvesse amanhã
Fazendo coisas mais sujas que a praia de Botafogo
Os bêbados geniais despejam sua filosofia vã
Paixão e sedução, tudo não passa de um jogo
Eu negocio beijos inegociáveis
Com mulheres inimagináveis
Sem sucesso algum
Sou apenas um
Mortal
Morrendo na cidade Maravilhosa
Rio de Janeiro, fevereiro, 2012.
Eu saio atrás de você já sabendo que não vou encontrar
Uma dose atrás da outra, as pessoas estão tão coloridas
Cada glória sem motivo é um grão de sal a mais nas minhas feridas
Com um coração que é mais seu que meu
Eu ando pelo paredão do São João Batista
E vejo os mortos, tão vivos quanto eu
Quando morrer, quero morar num tumulo com vista
Na Álvaro Ramos o bloco dos barbas começa
O carro pipa afoga os foliões, aqui ninguém se estressa
E eu sinto solidão,
no meio da multidão
Os foliões se divertem como se não houvesse amanhã
Fazendo coisas mais sujas que a praia de Botafogo
Os bêbados geniais despejam sua filosofia vã
Paixão e sedução, tudo não passa de um jogo
Eu negocio beijos inegociáveis
Com mulheres inimagináveis
Sem sucesso algum
Sou apenas um
Mortal
Morrendo na cidade Maravilhosa
Rio de Janeiro, fevereiro, 2012.
domingo, 8 de abril de 2012
Sem raça definida.
Um bar qualquer no meio da Zona Norte e eu já imaginando que você não vem te espero para termos nossa última conversa. Domingo de tarde, sol escaldante e eu engulo um rabo de galo como se fosse água gelada esperando que a tremedeira nervosa ou os batimentos cardíacos acelerados diminuam um pouco, pensando que teria sido melhor ficar em casa vendo o Domingão do Faustão.
Entre cervejas baratas, pessoas falando alto e seu atraso de quase meia hora, eis que minha atenção é tomada. Como se desafiasse cada um de nós a tentar fazer o mesmo movimento elástico e ousado, no meio da calçada de cimento, o vira-latas lambe seu próprio pau com esmero. Magro e decadente, porém forte e auto-sufiente, o cão pede comida aos bêbados que o enxotam para longe com chingamentos, copos de cerveja gelada ou chutes. Sem desistir, o cão dá uma volta na rua cheirando o chão desesperado, como se tentasse encontrar um lugar melhor, e faminto e fracassado, acaba voltando para o mesmo lugar.
Por pura falta do que fazer e em uma tentativa de me distrair e te esquecer por alguns minutos eu compro um espetinho de churrasco de aparência duvidosa, mas com um cheiro maravilhoso, e chamo o cachorro, que vem prontamente, desconfiado, com a língua grande pendendo para o lado da boca e pingando saliva. Com o rabo entre as pernas e encolhido, ele se aproxima aos poucos. Os papéis parecem invertidos, e como se quisesse ganhar minha confiança, lambe minha mão. Rápido como a força da gravidade, o cão come a carne sozinho e me agradece com um olhar benigno e a bocarra aberta como se sorrisse, as presas a mostra, virando e indo embora, trazendo de volta o clima de enterro para dentro da minha cabeça.
Em menos de 10 minutos, torna-se insuportável esperar por você, que a essa altura (na verdade antes mesmo de sair de casa) eu já sabia que não viria. O melhor que posso fazer é pegar quase duas horas de viagem de volta pra casa e apagar você de mim, os cheiros, a voz, o telefone, os defeitos...não vai sobrar nada, da mesma forma que não sobrou nada de mim. E no fim das contas foi sempre assim, não só com você mas em todos os aspectos e possibilidades da minha vida. Eu sou o cachorro magro e sarnento correndo atrás do próprio rabo atrás de algo que nunca irei encontrar.
Entre cervejas baratas, pessoas falando alto e seu atraso de quase meia hora, eis que minha atenção é tomada. Como se desafiasse cada um de nós a tentar fazer o mesmo movimento elástico e ousado, no meio da calçada de cimento, o vira-latas lambe seu próprio pau com esmero. Magro e decadente, porém forte e auto-sufiente, o cão pede comida aos bêbados que o enxotam para longe com chingamentos, copos de cerveja gelada ou chutes. Sem desistir, o cão dá uma volta na rua cheirando o chão desesperado, como se tentasse encontrar um lugar melhor, e faminto e fracassado, acaba voltando para o mesmo lugar.
Por pura falta do que fazer e em uma tentativa de me distrair e te esquecer por alguns minutos eu compro um espetinho de churrasco de aparência duvidosa, mas com um cheiro maravilhoso, e chamo o cachorro, que vem prontamente, desconfiado, com a língua grande pendendo para o lado da boca e pingando saliva. Com o rabo entre as pernas e encolhido, ele se aproxima aos poucos. Os papéis parecem invertidos, e como se quisesse ganhar minha confiança, lambe minha mão. Rápido como a força da gravidade, o cão come a carne sozinho e me agradece com um olhar benigno e a bocarra aberta como se sorrisse, as presas a mostra, virando e indo embora, trazendo de volta o clima de enterro para dentro da minha cabeça.
Em menos de 10 minutos, torna-se insuportável esperar por você, que a essa altura (na verdade antes mesmo de sair de casa) eu já sabia que não viria. O melhor que posso fazer é pegar quase duas horas de viagem de volta pra casa e apagar você de mim, os cheiros, a voz, o telefone, os defeitos...não vai sobrar nada, da mesma forma que não sobrou nada de mim. E no fim das contas foi sempre assim, não só com você mas em todos os aspectos e possibilidades da minha vida. Eu sou o cachorro magro e sarnento correndo atrás do próprio rabo atrás de algo que nunca irei encontrar.
quarta-feira, 28 de março de 2012
quinta-feira, 12 de janeiro de 2012
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