O trabalhador sai e ainda nem tem Sol no céu, ônibus lotado, Avenida Brasil. "Todo mundo junto se sentindo só, no peito um aperto, na garganta um nó". Os vagabundos já enjoaram da noite (que horas atrás era só uma criança) e começam a caçar o caminho de casa ou qualquer canto pra cair. A mãe preta varre o terreiro, daqui a pouco o galo vai cantar, bom dia, levanta pra cuspir com a glória de Ogum. Todo mundo indo para algum lugar, cada um com seu destino, cada um, um desatino.
Entremeio,
Descompasso,
Peito cheio,
Um abraço.
Pra quem quiser um abraço.
Enquanto o mundo gira, eu continuo aqui, enquanto o mundo é mundo, eu sou só isso. Ou nada. Calor carioca, tem gente que é mar. Tem gente que é represa, tem gente que nem gente é. E eu continuo aqui. Vendo as paredes do quarto, enclausurado, me sentindo um cachorro com a boca espumando, tanta vida no meu peito, mas parece que não é para mim.
Faz falta uma ponta, um carinho, uma dose,
Qualquer coisa pra acabar com essa psicose.Tremedeira outra vez,
O problema é comigo,
Ou é com vocês?
Ou é com vocês?
Cada um com seus problemas, seus demônios, suas crenças. Já acreditei tanto que não acredito mais. Nem em mim, às vezes. Príncipe do lixo, trono de entulho, coroa de espinhos, minha coroa não vê a hora de eu ir embora, e eu nem vejo também. Eu já perdi o bonde ou a banda já passou? O homem esconde seus delírios ou os delírios se escondem do homem? Tem gente que dá medo, tem gente que tem medo, tem gente que é gente, tem gente que nem é. Nada.
Daqui a pouco nasce o Sol, e eu continuo aqui.
Bom dia?
Bom dia?
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