quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Os 10 albuns da minha vida

Num tédio de domingo em plena quarta feira resolvi fazer uma lista com os 10 albuns da minha vida. Não estão necessariamente em ordem de importância, seria injusto colocar um acima do outro, pois todos eles foram trilha sonora da minha vida, Seja nos melhores ou nos piores momentos, nos momentos decisivos, nos momentos mais especiais ou de maior aprendizado, algum desses tocou e me fez enxergar algo mais, ou fechar ainda mais meus olhos. Alguns fazem parte da lista desde que eu me entendo por gente, outros entraram recentemente, e obviamente muita coisa ficou de fora, já que só peguei 10 albuns, mas cada um tem grande importância na minha formação (ou deformação) como pessoa, ser pensante (ou não) e cidadão. 




Les Discrets - Septembre Et Ses Dernières Pensées

Em um tempo onde minha vida andava tão cinza quanto a capa do album isso tocava todos os dias no meu fone, vendo o mundo passar e eu sem sair do lugar, desejando por um pouco de cor, sem me tocar que minha felicidade depende somente de mim mesmo a grosso modo. Um vislumbre de tanta vida, de um lugar onde só neva. O pouco que eu sei de francês aprendi traduzindo e aprendendo a cantar as letras dessa banda. Um dia eu ainda abro a gaiola para libertar o pássaro com olhos de asfalto que chora lágrimas de piche. 



Los Hermanos - 4

Conheci Los Hermanos por muitos anos e detestei. E não lembro como nem porquê, parei pra ouvir o 4, e me apaixonei. Para mim o álbum lembra a cor branca. Como se fosse uma cortina, meio translúcida, e eu tentasse enxergar o que tem do outro lado. Me faz sentir saudade, nunca descobri exatamente de quê ou de quem, é um álbum que eu ouço pouco pois essa saudade em especial dói. As vezes ponho o meu sapato novo e vou passear. Sozinho.



Sepultura - Roots

Foi um dos primeiros trabalhos de "Róque Paulera" que ouvi. Todo o trabalho percussivo, música de macumba, música de índio misturado com toda aquela raiva...algumas pessoas dançam com música pop, eu danço ouvindo Roots Bloody Roots. Dança de maluco de sanatório se debatendo dentro de uma jaula. Por culpa desses caras eu decidi deixar o cabelo crescer. Um dos dias mais legais da minha adolescência foi quando conheci pessoalmente o Andreas Kisser, o cara foi super gente fina e autografou meus vinis e cds da banda, legal o cara sorrindo pra mim sabendo que um moleque mirrado com o cabelo crescendo era inspirado por ele. Na verdade devem existir milhões de moleques na mesma situação, haha.


Nirvana - In Utero

Se fosse para colocar em ordem de importância, talvez esse fosse o número um. Inicio da adolescência, e eu nunca tinha sentido descargas de emoções tão fortes até então. Aqueles gritos desesperados pedindo socorro eram tão familiares desde primeira audição, parecia até que era eu quem gritava nas caixas de som. Por uns dois ou 3 anos nessa época eu acendia uma vela para a alma do suicida todo 5 de abril. E ah. Foi essa banda que me fez querer aprender a tocar guitarra e começar a escrever.



Radiohead - Ok Computer

Quando o desespero e o cinza tomaram conta de mim de uma vez. Vai ver foi a época mais difícil da minha vida, entre remédios para dormir, remédios para acordar e remédios para segurar a onda, esse cd tocava e me fazia sentir a mesma coisa que sinto até hoje quando ouço. Um descontentamento sem tamanho com o mundo, sobretudo comigo mesmo, uma certeza de que os problemas não tem solução, só curas passageiras para doses ainda maiores de dor. Hoje em dia eu penso completamente diferente do que pensava com 16, e essas músicas as vezes fazem me sentir com 16 de novo, seja pelo lado positivo ou pelo lado negativo. 


Cícero - Canções de Apartamento

Não sei onde ouvi pela primeira vez. Alguém muito especial sempre teima em dizer que me apresentou o Cícero e bliblibli, mas de qualquer forma prefiro não saber de onde vem as coisas especiais como essa pessoa. Mesmo as músicas mais felizes desse album são tristes. Foi trilha sonora da minha descoberta como ser que sente algo por alguém, que se decepciona e que decepciona também. Foi trilha sonora de beijos, de abraços, das poucas vezes onde eu já tive coragem de abrir meu coração. Desde então para mim essas músicas são como um fim de namoro. As vezes libertador, as vezes, de quebrar o coração.



Caetano Veloso - Transa

Essa mesma pessoa especial que diz ter me apresentado Cícero me apresentou esse álbum. Até então nunca tinha dado muita atenção para música popular brasileira e era cheio de preconceitos à respeito, mas resolvi dar uma chance. Ouvi pela primeira vez e achei uma merda. Ouvi de novo e achei mediano. Na terceira audição, me apaixonei. Desde então fiquei fascinado com a música e os artistas do nosso país, e quase todos os dias procuro conhecer algo novo, mesmo que tenha sido gravado nos anos 70. Obrigado, Gi, por me apresentar o Transa. 


Maldita - Paraíso Perdido

Banda obscura do Rio de Janeiro, cresci junto com a banda. Odisséias bêbadas inimaginaveis por toda a cidade, sendo menor de idade e tentando entrar nos shows, que na época eram tão pesados que só maior de idade podia assistir. Carne crua, sangue falso, arame farpado, auto-flagelação com cacos de vidro e transe. É isso que se via nos anos de ouro da Maldita. Mesma época em que eu comecei a me interessar por produção músical e querer montar um estúdio, ainda hoje, 8 anos depois de o lançamento do album, a cada audição eu ouço um som novo escondido. A cor desse álbum é vermelho. "Eu prefiro ficar dentro do buraco, porque no buraco ao menos eu me sinto assim."


Slayer - God Hates Us All

Talvez esse seja o álbum que tenha feito nascer peitinhos em Madame Morte quando ela ainda era uma garotinha. Joga um cd desse na mão de um muleque de 13 anos e assista ele virar um bicho. Tanto ódio de uma vez só, nunca foi tão fácil descarregar toda a raiva que eu sentia de mim e do mundo, da hipocrisia que é qualquer tipo de religião, esse álbum me fazia mais arrogante que o normal, fazia eu sentir tanta força, como se pudesse deitar meio mundo na base da porrada e ainda ter folego pra correr uma maratona. Foi esse álbum que me fez virar um metaleiro sujo, haha.



Cartola - 1976

Não tem uma música desse cd que não me traga alguma lembrança. Pra mim esse cd é sinestesia, saudade, sorriso, choro. A voz meio cansada de um velho que toca a alma com frases tão simples e subjetivas dependendo de onde se olha, a vontade de dançar em uma música, a vontade de vencer 800 em outra, a mesa de café da manhã e ela no meu colo sorrindo pra mim, a rua vazia e eu precisando me encontrar, o moinho moendo meu coração, o passado, o presente, o futuro. Tá tudo nessa bolacha.



3 comentários:

Nina disse...

Ah, o "Transa", do Caetano! Olha, é impossível não gostar desse disco. É incrível, bem despojado, bem livre. E a forma como foi feito "quase um ao vivo" também é sensacional.
Abraços.

Andressa M. disse...

Rute*, PP, Canções, In Utero ...
Por isso (e muito mais) que eu te amo !
:D

Carlessinho boy disse...

Obrigado, por ter me dado a chance de conhecer les discrets.