segunda-feira, 10 de julho de 2017

O sabiá que sabia demais

Enquanto amanhece, volto andando devagar
Acendo um cigarro e continuo a divagar
Já encontrei meu porto, é só questão de vagar
Sou réu confesso, ninguém quer me advogar
Calado, sóbrio e cinza, subo a rua Humaitá
Como um sabiá que não sabe assobiar

Religiosamente, como se fosse sacro ofício
Cada linha feita de sangue e sacrifício
Entre uma estação e outra, alguém senta ao meu lado
Mas no fim das contas, viajo sempre 

Embarques, desembarques, cartões postais
Eu sou do mundo e o mundo é meu
Eu vejo a estrada ficar pra trás
Ou quem fica pra trás sou eu?

A gente se esbarra em qualquer estação
Ou não