quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Boa Noite

As balconistas recusaram meu boa noite todas as noites
E então agora o balconista sou eu
Não me cumprimentem nunca mais

As pessoas nas calçadas insistem em não desviar
Mania de perseguição; como se valesse mais
Que a última cereja do bolo

Como se tudo que aflige fosse parte
De uma conspiração do governo contra mim

Niilista,
Capitalista,
Derrotista,
Fatalista,

Não consigo dormir porque não escovei os dentes
Não consigo dormir porque não tomei meus remédios

Em algum ponto da história,
Negativo com negativo
Deve dar positivo

Um aperto de mão, e eu acho que você
Devia ir ao banheiro e lavar suas mãos
Pois mijei e não lavei as minhas

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

http://ciencia.hsw.uol.com.br/ano-polar4.htm

Uma linda e triste história.
Inveja dos que tem para quem escrever e para onde voltar.
Pagar com a vida não é nada.
Principalmente quando realmente se vive.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Almoça às duas da madrugada e chora em cima do almoço.Comida com gosto de lágrimas.Melodioso, melodramádico; desespero e histeria não escolhem hora nem lugar.O importante é não acordar ninguém.Chorar em silêncio é tão artístico quanto fazer esculturas ou pintar quadros.Desequilíbrio é a alma do (meu) negócio.Não é que não sabe o que dizer, realmente não tem nada a declarar.Comida fria e coração gelado, combinação nada interessante.Vai e volta como o mar na praia, e sempre que volta tenta destruir tudo quanto possível, e dá intervalos entre as vindas apenas para dar tempo de construir novos barracos antes de voltar, como onda, como tufão ou seja lá o que for e destruir tudo mais uma vez.É um tanto estranho fazer de cada dia um recomeço.Começos e finais são deveras cansativos.Ainda mais pra quem tem asma.

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"Choro compulsivo, riso histérico
Choro compulsivo, riso histérico
Choro compulsivo, riso histérico
Choro compulsivo, riso histérico"

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Sai da caixa com tanto medo e surpresa quanto alguém que sai do armário, e prefere não ter medo, como se colocasse o mesmo nos bolsos apenas para não usá-lo por hora.Segue sabendo que levanta pra cair, mas desta vez, prefere pensar que cai pra levantar.Ao mesmo tempo sente-se pesado como pedra nas costas de alguém e leve como pluma, e o medo, como se ganhasse vida própria, começa a sair dos bolsos e correr para o peito.

A gravidade está por aí para nos colocar para baixo, e mesmo sabendo que não pode, tenta lutar contra, dessa vez, tem algo semelhante a um anjo ao lado, e não consegue (nem quer) parar de agradecer.Consegue planar e apenas aguarda o momento da queda, aguarda em torpor, e sente que tem um brilho nos olhos mesmo quando não consegue fitar os teus por muito tempo.

As palavras começam a faltar, e não sabe se isso é uma benção ou uma maldição; como se houvesse tirado uma tonelada das costas, sorri sem mover os lábios, deixa de andar curvado e tenta ver as coisas de outro nivel, sob uma nova luz."Prefere quebrar o gelo a quebrar as costas mais uma vez."Não gargalha por fora, porque gargalha por dentro.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Arranca seu coração e embrulha em papel alumínio
Vermelho, um enorme rubi disforme, sangrando
O vazio cresce dentro da caixa toráxica,
Como se fosse buraco negro, engole tudo que está próximo

Estende as mãos esperando receber escrúpulos,
Continua com as mesmas tão vazias quanto seu peito
Perde sangue, oxigênio e o que sobra de sua sanidade
Com o sangue que jorra, escreve um soneto sem rimas

Se destrói com alarde, como se quisesse audiência
E o público se reúne para assistir ao espetáculo suicida
Não faz diferença, é apenas mais outra pobre vida

Tem medo de sentir medo, mas teme já ser um morto
Antes de ir, entende que cada vida é um aborto
Cai no chão com o coração na mão e de peito aberto

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

O próprio dito popular prevê que tudo que é bom dura pouco e acaba tão rapidamente quanto um trem desgovernado, e quanto mais o tempo passa, mais a questão responde a si própria, e com louvor, com prazer, me destrói.Como se houvesse descoberto a pólvora, fazia de tudo flores, iluminava o mundo com uma nova e bela luz, como se fizesse enxergar melhor com os olhos fechados.Aceitava os efeitos colaterais com um sorriso e voltava a dormir, tornara-se um zumbi e pela primeira vez se sentia normal, como se o simples pensar ser diferente fosse uma doença, estava curado, bastavam três bolinhas por dia.

Enfim dormia mais que quatro horas por noite, enfim pensava menos e agia menos ainda, e como consequência, não sofria qualquer tipo de dano, era uma nova vida, como se se sentisse novo, em constante trabalho muscular, e ao mesmo tempo em eterno repouso. No início as bolinhas cortavam os pensamentos que pungiam, funcionavam como escudo, como barreira entre os emissores e os receptores de seja lá o que for, tornavam palavras menos ácidas, secavam lágrimas e destruíam pensamentos prejudiciais com a precisão cirurgica de um franco-atirador.

Torna-se real após anos em um casulo, e do quarto cinza sai para o mundo.Então percebe que nem faz tanta diferença entre os dois.Sente os clássicos sintomas, sobretudo a familiar vontade de desaparecer, e começa a ficar nervoso, precisa de mais, precisa sair de seu caminho antes que atropele a si próprio.E como se fosse mágica, põe pra dormir o pior(ou o melhor) de si e de quebra ainda vai dormir junto.Mas não por muito tempo.

Três comprimidos vermelhos não são mais o suficiente para fazê-lo dormir, para mantê-lo em estado torpe, apático; já não provoca o mesmo efeito sobre ele, que perde efeito e noção à respeito de qualquer coisa.Aumentar doses é solução temporária, assim como toda solução.Os problemas estão aí para nos forçar a mudar e crescer, e pelo menos para ele, a única coisa que parece crescer é a quantidade de comprimidos por dia a serem ingeridos...

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

"Você é jovem apenas uma vez.Depois precisa inventar outra desculpa."


Gloriosos biscoitos da sorte...

domingo, 3 de janeiro de 2010

E quem diria que dois mil e dez anos após a morte do tão querido e odiado Jesus ainda estaríamos por aqui e chegaríamos onde chegamos...mercado de ações, pirataria, internet, música digital, terrorismo, biodiesel, aquecimento global, Hopenhaghen, e tudo isso pago com miséria, mortes e dor.Não que tudo isso não haja trazido nada de positivo, pelo contrário, mas a questão é o preço do progresso, o caminho tortuoso que é obrigado a passar todo ser que tenta e deseja crescer.

Pode-se dizer que se encerra outro período social, evolutivo (ou seja lá como se chama) do gênero humano.Após a revolução industrial, temos mostrado o melhor e o pior do homem com tamanha intensidade e gravidade, que parecemos chegar cada vez mais perto de não ter mais o que evoluir devido ao instinto destrutivo do ser humano; se constrói para destruir e se destrói para construir, somos escencialmente contraditórios e brilhantes.

Uma revolução por dia, uma invenção por minuto, soluções para problemas que se tornam soluções e soluções que acabam se tornando novos problemas, para cada passo adiante, dois ou três para trás, tanto progresso se mostra relativamente inútil.Toda luz que trouxemos acabou nos cegando, deixando-nos talvez até mais cegos do que éramos na escuridão da ignorância.

O poder se concentra nas mãos de poucos que ditam as regras e tendências, que somos obrigados a seguir para fazer parte de uma sociedade, mesmo que não queiramos, misantropia protetiva torna-se crime e opinião própria torna-se motivo de chacota.Enquanto bilhões sofrem e padecem, algumas centenas bebem destilados e fumam charutos caríssimos em salas refrigeradas.O mundo é injusto, a sociedade é injusta.E talvez até seja melhor dessa forma.

Começa o fim de outra década, e pelo menos por aqui tudo parece sem rumo e sem alternativas, todo o progresso alheio não tem o menor significado para mim, me sinto anos luz atrás do resto do mundo, e tudo que desejo é conseguir alcançar e ultrapassar à todos.O mundo inteiro muda, menos eu.E eu preciso mudar.Não por necessidade, mas por puro capricho e carência.Preciso de mudanças, de minha própria revolução.É minha vez de começar algo, nem que seja uma guerra.