segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Deve-se primeiro destruir para então construir uma nova estrutura por cima da antiga.Como se os pedaços da anterior servissem de adubo, de inspiração talvez.E eu destruo, destruo nossas cartas, seus presentes, seus vestígios.Um ano e meio é mais do que eu imaginei que fosse doer.Eu prefiro apertar shift + del, sim, eu desejo excluir permanentemente tais arquivos aqui de dentro.

Ontem foi seu aniversário, e somado ao déficit de concentração habitual, ontem eu mal consegui pensar.Eu sei como é ser trocado, como é ser usado e substituído, mas acima de tudo, eu sei ser um monstro.E até que por agora me cai muito bem.Se deitar sobre lamúrias e praguejar, alem de muito fácil ,torna-se entediante e cansativo após alguns longos meses.

Eu sou o que sobrou.E talvez, pela primeira vez em um dos meus textos inúteis encontra-se mais a palavra eu do que você, mesmo que em outros substantivos e classes gramaticais.Eu posso e consigo amar e odiar quem eu quiser, eu aceito meu novo nome, mesmo depois de tanto tempo.Ok, agora eu assino minhas coisas como Passado.

Há os que conseguem perdoar, os que jamais conseguem esquecer, e principalmente os que conseguem partir e esquecer tudo com a maior facilidade do mundo.Juntando o melhor de cada, eu aprendi a fazer cada lugar se tornar lugar nenhum, aprendi a anotar os nomes dos inimigos em uma lista de pessoas pra matar, aprendi a lembrar e esquecer cada nome e cada detalhe ou data a hora que eu bem entender.
 
Seleção natural é nada a não ser tempo.E o tempo não faz nada a não ser te deixar cada vez mais escroto, cada vez mais à altura do(s) oponente(s).Nascemos tontos, morremos engasgados com veneno.Já era hora de pegar minha vida de volta, eu esperei demais.Entre cartinhas boiolas sem destinatário e centenas de horas pensando, o que sobra mostra-se bem melhor do que já foi um dia.E até não sobrar nada, mesmo que rastejando, novos começos atrairão novos fins, e sorrisos tornar-se-ão lágrimas, como um pêndulo, a cada segundo em um extremo diferente.
 
Uma piscina em forma de coração.Vazia.E após o porre, a ressaca, antes de tudo, você sorri, depois de tudo, você aprende a atuar.Sejamos todos atores, dizer três palavras monosilábicas não pode ser realmente tão difícil.Aqui ainda tem um coração.E eu o entrego (ou vendo) ao primeiro que sorrir de volta.
 
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"And I'll smile and I'll learn to pretend
And I'll never be open again
And I'll have no more dreams to defend
And I'll never be open again"

7 comentários:

Não importa disse...

=B
ó, eu sorrindo!

Lucas Vallim disse...

Não tem muito o que comentar, mas vi muita sinceridade nesse teu texto. Gostei muito do começo onde você diz que tem que distruir pra depois renovar. Muito bom.

Audrey Carvalho Pinto disse...

depois de um tempo a gente aprende a se defender...
aprende a sangrar da melhor forma

...

lindo!!

Katrina disse...

Cara Siouxsie disse uma vez: Quebre e construa novamente

Senti isso aqui, lição para vida toda

=**

Reds disse...

Está bem bonito. Um pouco triste sim, e a sinceridade crua pode parecer dureza (ou endurecimento), mas é como vida pisada que fica marcada e cicatriza. Não é dureza é fibrose. Não o conheço, mas gostei do blog, a morte é a parte mais crua e real da vida.

Eliane disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Eliane disse...

Parabens pelo seu blog!!!
Quanto ao texto: vc me conhece!!!??? Pois me descreveu...em sentimentos atuais!!! Demais!!!
Bjs.