quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

E quando os anos chegam perto do fim, além de saber que pela frente ainda virão mais outro(s) tão piores ou entediantes quanto os passados, percebe-se o quanto se permaneceu inerte durante tanto tempo, o quanto podia ter sido e não foi, e principalmente, o quanto se está cada vez mais perto de lugar nenhum.Perde-se tanto tempo fazendo coisas que não se quer e coisas para os outros, que acaba se deixando de viver para você mesmo.De qualquer forma, mesmo no tempo livre, nada foi feito à respeito de tudo.

Em números, o ano de 2009 pode ser resumido à trezentos e sessenta e cinco dias, milhares de cigarros, centenas de comprimidos de imipramina, tylenol, aspirina e dramin, menos de 15 dias para começar a contar mais outros 365, dezenas de quilômetros andados à pé durante dezenas de madrugadas, alguns poucos milímetros de esperança ou o que quer que seja, quase meia dúzia de paixões platônicas e que duraram menos de uma semana, um sem número de decepções e um coração quebrado por natureza.

Uma porrada de noites sem dormir bolando teorias e planos de fuga, planos de mudar de vida e planos B, tudo uma enorme perda de tempo, ainda mais quando eu mesmo já sei que não tenho nem vontade nem tempo de mudar coisa alguma.Detesto perder tempo, mas percebi que perco tempo o tempo todo com coisas pequenas e muitas vezes sem sentido, que me desconseram e me desmontam, como se fosse simplesmente para ver como eu funciono.

Insatisfação não é necessáriamente a palavra, mas serve para preencher algumas lacunas por hora, eu sei que é tudo culpa minha.Não há do que reclamar, eu não sou aleijado, não sofro de nenhuma doença grave nem de problemas mentais (não que eu saiba ao menos).Como alguém com duas pernas pode não se dar por satisfeito?Boa pergunta.Talvez eu seja apenas daquele tipo de gente que sempre quer levar mais areia do que realmente cabe no meu caminhãozinho, não é todo mundo que nasce pra ter tudo o que deseja.

A lista de queixas e a lista de pessoas pra matar apenas aumentam, o tempo passa, e inércia parece ser a palavra chave que tranca todas as portas.Aliada a minha gigantesca inabilidade em fazer qualquer tipo de contato com qualquer tipo de pessoa, está minha sorte, ou falta de.Nunca diga que não dá para ficar pior, principalmente quando se tem certeza de que dá, e de que irá piorar.Básicamente você espera pelo pior quando tudo não vai tão mal assim, começa as coisas prevendo o fim, mesmo preferindo nunca começar nada.

Muita coisa pra pensar, muito mais tempo pra perder, muita gente pra machucar, uma nova lista de coisas pra fazer antes de morrer.Que nos próximos trezentos e sessenta e cinco dias eu perca menos tempo perdendo tempo.Neste natal, pedirei ao Papai Noel uma sub-metralhadora.

6 comentários:

Fabi Penco disse...

posta mais, posta mais.amo suas postagens! texto impecável,imaculado,perfeito!

Giovana disse...

Posta mais, posta mais. [2]

"Neste natal, pedirei ao Papai Noel uma sub-metralhadora."
Adorei essa frase.

Natália Corrêa disse...

Eu só odeio mesmo a propaganda do Bradesco, aquela do 2000inove, que me fez (querer) acreditar que aconteceria algo novo, quando eu sabia que tudo não passaria de um replay. Sempre é assim. Muda a maioria das personagens, o enredo é o mesmo, e eu sou aquela personagenzinha decadente que passa de uma temporada pra outra invisível, sabe? Aquela que nem fede nem cheira. Entendo sua "insatisfação" que preenche a lacuna entre os anos. Quero uma sub-metralhadora também, mas já sei que papai noel não vem...

Recanto do Opositor disse...

Mais um ano perto da morte, mais arrependimentos do que não faz, mais esperança vazia daquilo que não vai ser feito, e tudo com direito a Show da Virada.

Magnífico.

Julia disse...

Pimenta no cu dos outros é refresco, né?

Fabi Penco disse...

para que a arma? omo se eu não soubesse!
haushshaa