quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Etilia

Vodka, conhaque, cerveja e aqui é onde eu termino, sem dinheiro, sem cigarros, e vendendo minha alma em troca de uma saideira.O resto do que restava do meu dinheiro foi embora com coisa alguma.Não teve um só dia que eu não tenha bebido.Eu nem ao menos fico mais bêbado.

As pessoas geralmente dizem que bebem e/ou usam drogas para esquecer os problemas, esquecer a dor e outras desculpas esfarrapadas, eu faço isso porque gosto.Não tenho motivos, apenas gosto de sentir os olhos ficarem vermelhos, o nariz arder, o coração acelerar, me diverte, me distrai.Eu não ligo para os pulmões pretos e podres ou o pâncreas ou o fígado ou seja lá o que for, a única coisa que me decepciona é o fato de que eu poderia estar fazendo algo melhor comigo e para mim mesmo.

Eu não consigo mais ler, escrever, me concentrar, estudar ou amar alguém, e fico por aqui, jogando a vida no lixo, destruindo meu corpo e o que poderia ser meu futuro, como se um dia eu tivesse tido tudo e jogasse fora por opção.Oportunidades se cria, não há desculpa ou motivo algum que perdoe toda essa perda de tempo, a não ser essa auto-indulgência junkie sem orgulho ou auto estima que só eu tenho.

Quando tudo estiver prestes a desmoronar eu tomo algum rumo, mas talvez o próximo minuto já seja tarde demais.Um lapso de consciência.Pela primeira vez em muito tempo eu tenho medo, eu faço planos, eu almejo algo, que nem ao menos sei o que é.Deve ser a falta de dinheiro, e consequentemente a sobriedade.

Já é hora de começar a botar ordem nessa merda toda, eu não sou mais um garoto.Mas antes de qualquer resolução eu sempre me imponho a última dose ou o último trago ou a última vez que nunca são a última vez.Nunca me senti jovem ou livre em qualquer aspecto, mas agora, me sinto mais preso do que nunca.Isso precisa terminar.De uma vez por todas.

Um comentário:

Nina Vieira disse...

Uma pessoa comum diria: "vai se tratar". Eu lhe asseguro: "conte comigo".