quarta-feira, 9 de março de 2011

Todo carnaval tem seu fim

Entre mais de duas dezenas de litros de álcool, uma centena de cigarros , uma dúzia de blocos, e meia dúzia de mulheres diferentes e fáceis, a cada carnaval que passa a única coisa que percebo é que fico cada vez mais velho; me divirto cada vez mais e não consigo aguentar meu próprio ritmo.

Um caco de garrafa de vodka cravado no meu pé, um furo enorme no meu all star, muito sangue na calçada e as pessoas todas desviando para seguirem suas vidas egoístas e bêbadas.Se for para olhar o lado bom das coisas, ao menos uma caipirinha eu ganhei.

Perdi a conta de quantos muros e postes e arvores e qualquer objeto na minha mira eu mijei em cima nesses dias.Perdi a conta de quantos foras tomei.Mas o número que com certeza vou demorar a esquecer é o três.Qualquer cara diria que a coisa mais legal do mundo é ser disputado e dividido entre duas melhores amigas ao mesmo tempo.Mas eu não.Ainda mais quando as duas são melhores amigas e já viveram comigo histórias passadas e mal sucedidas.O mais incrível de tudo é que eu reclamo mas sempre deixo voltarem, sempre deixo a porta aberta.No fim das contas, após usar, abusar e ser usado e abusado, a única sensação que sobra é a de ser um objeto senil, de ser apenas um meio para que duas amigas em crise se ofendam e disputem entre si tentando provar superioridade.

Fica cada vez mais difícil para mim continuar encontrando dezenas de olhos que não tem coragem de olhar nos meus, de beijar inúmeras bocas sem gosto algum, de dormir junto e ainda assim estar sozinho, de acordar com gosto de guarda chuva na boca.Pelo visto nenhuma mulher me leva a sério.Talvez se deixar crescer um bigode tenha alguma credibilidade, mas de qualquer forma, no final a dor vai ser sempre a mesma.

Quarta feira de cinzas trabalhando, respiração pesada, tosse seca, arranhões nas costas, ressaca e toda a dignidade que eu tinha foi trocada por um monte de putaria barata.E a alma dói tanto que eu não consigo segurar o choro.E quem me olha na rua parece até sentir pena, e nem imagina que a algumas horas atrás eu me diverti tanto.Dizem por aí que a vida não é feita só de bons momentos, mas quando os bons momentos não significam nada nem tem valor algum, talvez nem de bons momentos possam ser chamados.

Não consigo ficar a vontade, não consigo gostar de ninguém, e pelo visto, ninguém gosta de mim também.Lágrimas nos olhos e há muito tempo eu não me sentia tão humilhado a ponto de pedir um abraço para alguém (que tanto parece se interessar por mim...e ouvir um não com deboche e desdém).

No final da história eu vou sempre ser só uma foda, ou duas, ou três.No final da história eu sempre estou e sempre vou estar só.Na vida das pessoas, sou apenas passageiro e meu nome do meio é passado; me tornei um mero acessório, que se usa quando dá vontade apenas para se sentir melhor.E quando tiver afim, por favor, não faça cerimônia em me ligar fazendo voz de menininha boazinha e me oferecer uma bebida e um carinho, eu sou um filho da puta e vou aceitar na hora.

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" Through the storms and the light
Baby, you stood by my side, and life is wine
You feel the sweet breath of time
It's whispering its truth not mine,
Theres no I in threesome "

3 comentários:

Não importa disse...

Volte-se para as músicas e para os gatos. Talvez seja melhor do que "curtir" uma transa vazia e sem sentido.

Andressa M. disse...

The part of this [beautiful] song mentions TIME .
So about the 'nevers' of the last paragraph : it might not feel like so, but TIME is still on your side .

camila disse...

Primeiro sentem vontade de cuidar, e depois enjoam de tantas reclamações.