quinta-feira, 19 de maio de 2011

Acordar, esfregar os olhos, dar uma bela mijada e ainda na cama, um ou dois cigarros, esse era o café dos campeões. E ao longo do dia, quantos cigarros mais eu conseguisse pagar ou fumar. Uma beleza inexplicável assistir o cigarro queimando e soltando uma fumaça levemente azulada que sobe mais leve que o ar de forma desordenada e ao mesmo tempo uniforme. Sentir os pulmões sendo acariciados e então libertar o ar para qualquer direção, livre, cinza.

Dizem que tudo tem sua hora, que tudo tem seu tempo, mas duvido que haja algum tempo ou hora para as pessoas começarem a fumar. Eu comecei quatro anos atrás. E por volta de oito da noite de hoje completar-se-á um mês que eu não fumo. Nos últimos dois anos foram dezenas de tentativas frustradas de largar o tabaco, e então súbitamente eu enjoo e deixo de sentir vontade ou prazer em ingerir e soltar fumaça. Bom para o meu bolso, bom para meus pulmões. Não estou reclamando de nada, pelo contrário, mas a questão é; como eu pude ficar tão frio assim a ponto de enjoar de um dos meus poucos e maiores prazeres?

Cada vez mais as coisas e pessoas se tornam menos interessantes, e como nos relatos de viciados "você precisa de cada vez mais para conseguir algum tipo de emoção", até que as coisas entrem em colapso e você se fode de alguma forma. Seria ótimo poder controlar as coisas nesse nível, escolher o que se gosta, o que se faz e com quem se faz, de forma que tudo não desaparecesse devagar e de forma que fosse divertido e prazeroso na maior parte do tempo. Enquanto não se tem controle nem sobre o propro aparente auto-controle, vejamos até onde as coisas chegam. Quando essa montanha de gelo derreter será tarde demais e não sobrará mais nada.

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"I can tell you what's good, but i can't tell you what's what."

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