segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Bola da Vez

O carnaval termina e enfim o ano começa. E com o carnaval, o verão vai embora. Entre ressaca, preguiça e contas pra pagar, sobram possíveis doenças sexualmente transmissíveis, pedidos para segunda via de documentos perdidos e os hits de verão.
Patrocinados por grandes gravadoras, artistas pré-fabricados de um só sucesso nos são empurrados goela abaixo. A cada ano um novo zé ninguém é escolhido pra ser a bola da vez. Música grudenta, porca e sem conteúdo, quanto mais bestificante melhor. Algo que te torna tão sem opinião ou vontade própria, ao ponto em que whisky ou água de coco pra você tanto faz.
E ao longo do ano o pseudo artista faz centenas de shows e as gravadoras e produtoras de eventos enchem o rabo de dinheiro às suas custas. O cara aparece no Faustão, no Gugu, na Hebe e na puta que o pariu até que de alguma forma alcance você, que por mais que queira, não consegue fugir.
Enquanto gente que não tem nada a dizer tem espaço na mídia, os verdadeiros artistas passam fome e geralmente precisam de um segundo emprego para sustentar sua arte (ou escrevem em blógues toscos como esse, haha). Apesar de a internet ter mudado a forma e a facilidade com que a informação ou arte são compartilhados e acessados, as grandes companias, sejam de música ou de entretenimento sempre vão querer que você seja burro e compre seus produtos.
Ninguém mais lembra do Rebolation. Ninguém canta mais a música do delícia, assim você me mata. E ano que vem provavelmente as músicas idiotas que são entoadas hoje a plenos pulmões pela multidão também caiam no esquecimento, são todos descartáveis. 

Nesse mundo onde nada dura muito e onde amor hype rapidamente se transforma em término de namoro, seja menos idiota. Desde o lugar onde você come ou faz compras até o que você lê e escuta, não seja descartável também. Seja menos eles, e mais você mesmo. Ou então, continue dançando o Gangnam Style até que um novo artista sem arte seja empurrado a força nos seus ouvidos e no seu bolso.

3 comentários:

Não importa disse...

Caramba, q saudade de te ler! Muito boa sua crítica. Sua escrita carrega muita maturidade pra sua idade. Se não me engano, vc deve estar com uns 19-20 hoje em dia, não?

Um sociólogo polonês "proibidão" - ele teve alguns textos censurados - q mto admiro fala basicamente desse mesmo tema q vc abordou no texto. Procure os livros "Vida Líquida" e "Amor Líquido". Acho q o Zygmunt Bauman é o tipo de leitura q te agradaria um bocado.

Madame Morte disse...

Pois é, eu tava a algum tempo sem postar nada...dia desses fui procurar você por aí e vi que você também não escreveu mais nada, e tinha até um blógue de culinária, mas que não era atualizado a algum tempo. Vim dar uma olhada aqui e já vi que tem post novo no Proibido Ler. Tou indo ler AGORA! :D

Vou dar uma procurada no Zygmunt Bauman!!!!

E ah, tou com 21. Comecei isso de Madame Morte com 16...faz um tempinho já, haha.

Um beijo!

A primeira estrela disse...

Nossa, muito massa.Fazia tempo que eu não o lia.Assim como nossa colega acima, eu também estava com saudades de seus textos.
Expressou bem o que todos nós sentimos.De fato, nós não conseguimos fugir.
Beijos e volte a escrever mais.