terça-feira, 5 de abril de 2016

Caleidoscópio Sintético

Esqueceu a calcinha no banheiro da boate
Pediu caipirinha e eu pedi um conhaque
A conta e um cigarro pra desanuviar
Muita sacanagem pra pouco elevador
Tchauzinho pra câmera, despudor
Essa doida mora no sétimo andar

Abre a porta e já vai se despindo 
Pega um cigarro e me pergunta rindo
Se eu tenho fogo
Mais louca que a Janis em Woodstock
Me despe com pressa e coloca um rock
Segundo round do jogo

Enquanto ela dança feito louca e sacode a poeira
Eu percebo, até mesmo a eternindade é passageira
Mas em mim se eterniza
Num beijo assassino, na minha lingua deixa uma bala
Tem quem se faça presente mesmo sem estar na sala
Mas não corta minha brisa

Hoje ela é minha, hoje eu sou dela
Eu um vira-latas e ela uma cadela
A noite virando dia clareia a janela
Um sorrisinho com cara de sequela
Nas vidas infindas, meu mal é meu bem
Nas idas e vindas, ela vem, ela vai, ela vem...

Mais rápido, mais forte, um tapa, um carinho
"Tá muito alto, vai acordar o vizinho!"
O mundo acelera, eu aumento a marcha, taquicardia
É bom mas é ruim, é prazer com agonia
Por um segundo, parece que vou desmaiar
A garganta trava e eu não consigo nem falar

No fim a gente esqueceu até de se apresentar
As paredes do quarto dela começam a derreter 
Quando termina eu só quero me vestir e correr 
Um monte de veneno pra acusar no exame de sangue
Tudo que vai volta, o Karma é um bumerangue
Pra onde eu vou agora com tanta onda pra gastar?

O amor e suas variáveis - lisérgicas
Sujeiras ao pé do ouvido - poéticas
Entrega e substâncias -  sintéticas
Liberdade + vazio = pura estética

Nenhum comentário: