sexta-feira, 10 de abril de 2009

E ela arranca meus olhos.Porque o que os olhos não vêem o coração não sente.E ela tem meu coração.Como se fosse o troféu de último lugar.Tão pequeno,no fundo da estante.E tudo que sobra é o silencio.Divirtam-se.Carne o suficiente pra alimentar centenas de dezenas de formigas.Tão útil pras formigas quanto seria pra um cego.Era só um coração.É só amor.Eu poderia gritar.Mas prefiro cantar.Não atrapalhaem nada chorar por buracos em vez de olhos.E eu nem sinto medo.Nada que tenham roubado de mim.Porque eu dei.Eu posso construir castelos novos.Com torres tão inacessíveis quanto as antigas.Com portas de chumbo e sem janelas.EU.Tão profundo que quebra a espinha.Tão forte que consegue quebrar.Não há pra onde fugir quando se vive em um quarto.Sem porta.E é tão fácil entrar quanto é fácil sair.Portas,eu preciso de portas.E chaves.E um jardim.Com quantos cactus a vastidão de quem tiver olhos puder enxergar.O castelo maiscinza do reino sem rei.O trono tão grande quanto couber alguém sem olhos.Paredes de argumentos tão sólidas que nenhum amor consiga destruir.E um amor tão amável que durma aos meus pés e saiba fazer truques.Projetos novos pros velhos pulsos cicatrizados.Ainda há espaço pra mais cortes.Quantas veias eu tenho que cortar?Frio.E eu não preciso de fogueira alguma.Eu mato os lobos...ou me juntoa eles.Dentes.Estou procurando por dentes.Que sorriam ao me ver.E um novo par de olhos.Que chore quando as paredes forem altas demais.Alguém tão disposto a sangrar quanto eu já sangrei.Que tenha tantos litros de sangue e tantas veias quanto eu já tive.Com bastante espaço pra novos talhos.E com um coração disponível a frações e divisões sem volta.E quando eu terminar de fazer tudo ficar seco e gelado,quando não houver mais temperatura ao se tocar,quando sentir-se apenas vergalhões ao se tocar.E quando osolhos ficarem tão cinza que seria mais bonito arrancá-los do que continuar com eles...Então o rei sem reino terá uma rainha àsua altura.

Um comentário:

Henrique Hemidio disse...

Antes de escrever é bom conhecer a língua... e isso não é sermão intelectual... vai por mim, coração