sexta-feira, 24 de junho de 2011

Fui procurar o número do meu pai na agenda do celular e percebi que praticamente todas as pessoas com o número registrado ali já foram embora da minha vida ou não me atenderiam se eu por acaso tivesse créditos para fazer um telefonema amistoso. No fim das contas eu não tenho para quem ligar e ninguém liga para mim, e como se fosse vômito quente subindo do estômago em direção a boca, sobe uma sensação horrível de tristeza e solidão aos olhos. E quando menos se espera, se ver dessa forma faz sentir vontade de abandonar a si próprio deixando uma sensação pior ainda, um misto de asco e pena, uma receita de merda com estrume.

O problema é que de alguma forma eu fiz cada uma dessas pessoas irem embora e as que queriam ficar, eu fiz questão de sair de perto por algum motivo bobo ou inventado, como desculpas idiotas para não fazer algo como ir à igreja, fazer regime ou usar camisinha. Com um empurrãozinho meu cada um de vocês foi viver mais feliz do que quando estava comigo, talvez eu tenha até feito algum tipo de favor. É como se eu abdicasse da alegria pelo prazer da dor, não faz muito sentido. E uma hora cansa. No fim das contas eu não sou nada além de passageiro, e muitas vezes, depois de um tempo eu talvez não seja nada mais que lembranças que seriam melhor se fossem esquecidas.

A dor no peito chega a ser física, e sente-se um peso incrível e desesperador dentro de si, as lágrimas escorrem pela cara quentes e descontroladas acariciando as bochechas e pingando pela barba por fazer. Dói mais que nunca cada vez que fiz papel de bobo, cada vez que menti e machuquei alguém e sobretudo, me dói a minha própria dor, única coisa que me move e me comove, egoísta, suíno. Chega um período da vida em que as pessoas começam a construir suas vidas, seus impérios. Eu por aqui até agora só tenho erros, culpa e arrependimentos. Tá vendo essa merda toda? Fui eu que fiz.


"I'd rather feel pain than nothing at all."

3 comentários:

Andressa M. disse...

Eu não sei muito bem como é essa sensação porque nunca fui cerca de muita gente, nem sou daquelas que assim que aparece online vem alguém pra puxar papo, mas sei que sou das poucas das pessoas na sua agenda que você pode ligar sempre que quiser - e isso não é figura de linguagem .

Espero que você também saiba disso .

Andressa M. disse...

*cercada

Não importa disse...

Eu fujo do blogspot, mas sempre volto aqui pra te ler. Pode parecer meio louco, pq eu nem te conheço direito, mas vc deve ser uma das pessoas mais profundas e sinceras q eu conheço. É só um pouco do q vejo nos seus textos... Qdo for ao Rio, gostaria de bater um papo ctg. Fique bem.