quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Da Felicidade


Texto encontrado em um caderno da oitava série, quando Madame Morte nada mais era que uma mocinha revoltada.


Somos nada mais que pacientes terminais numa doença chamada vida. Doença essa, que devora células, sanidade e tempo, doença essa, que como as mais belas flores, germina, desabrocha, e declina curvando-se ao chão.

Somos nada mais que pacientes esperando uma cura, uma solução improvável para esse problema vitalício. Viver é dor em todas suas formas, aspectos e oportunidades. Nenhum caminho leva à felicidade verdadeira, tudo sempre acaba da mesma forma, não importa o quanto tentemos ou recomecemos, todos os meios levam ao mesmo fim; dor.

Após alguns sorrisos amarelos cheguei à conclusão de que cada sorriso é inútil por si só, que o ser humano e a vida são algo bem próximo de um erro fatal. A tristeza é mãe de cada gargalhada profunda.

Felicidade é um acidente que ocorre a partir de acidentes menores. O ser humano já nasce chorando, e ao morrer causa choro em todos que o amem. A expressão facial humana é séria por natureza, é preciso fazer esforço muscular para sorrir, e os músculos faciais não aguentam segurar o sorriso por muito tempo, de forma que começam a doer depois de alguns minutos. Basta a força da gravidade para tirar um sorriso. Tentar ser feliz e sustentar a felicidade é algo trabalhoso, doloroso, que consome muita energia e é fadado ao fracasso inevitável.

Lágrimas causam desidratação leve e irrigam a derme do rosto. É preciso beber água. É preciso reter água. O corpo em sua concepção básica é feito para ser inflingido pela dor de forma que não quebre por inteiro, a natureza é debochada e cruel. Sangue é barato, está em todos nós. E jorra. Nossos calcanhares estão molhados de sangue e lágrimas derramados ao longo da vida, a pele é feita para sangrar, o corpo, para perecer.

Nada termina bem, com excessão do fim em si, que purifica a alma de qualquer ser vivo. É inútil prosseguir, cada um de nós é um fim ambulante. Deus criou um homem à sua imagem, e o homem criou um deus à sua imagem, fraco, sarcástico e cruel. Fé é dor. Crer em algo, esperar algo ou duvidar de algo são tarefas tortuosas, esperando algo ou alguém de qualquer coisa, a decepção é o único fim, não temos para onde correr.

Deixemos de perder tempo tentando não perder tempo, é inexoravel tentar continuar. Felicidade nada mais é que tristeza germinando.

2 comentários:

Andressa M. disse...

" A tristeza é mãe de cada gargalhada profunda. " - #EUJÁSABIA,GALVÃO

Anônimo disse...

Então você é assim, humm... desde a oitava série?