segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Acordar cansado porque a última vez que havia dormido foi quinta feira. Gosto ruim na boca, peso na alma e um nó na garganta, o dia é longo, e as vezes não sobra nem tempo para cagar. Segunda feira é dia de fazer a barba, de voltar pro mundo real, viver sonhando machuca como cortes de papel.

Depois de dez horas seguidas trabalhando, só volto a alugar minha alma amanhã. O pôr do sol na praia vermelha e minhas lágrimas devem ser mais salgadas que as do mar. E eu que digo pra todo mundo que pergunta que agora sou feliz, desabo do quinto andar da minha própria imprudencia, eu tenho pais, eu tenho amigos, emprego, faculdade, namorada e ainda assim sinto como se não tivese coisa alguma.

O sol desce como se entrasse no mar, o vento desengrenha meu cabelo e eu devo parecer horrível, e como não fazia a tempos, pelo menos por um pouco eu não me importo em parecer bem, as pessoas vêem de longe e sentem pena ou fingem que não veem, e é assim que todos nós preferimos fazer com o que nos aflige. Permissão concedida para não tentar ser forte e invencível por uns vinte minutos. A luta mal começa e eu já penso em desistir. De quanto tempo você precisa para se libertar? Talvez eu precise de umas décadas.

Sete da noite e eu almoço um copo de café com um salgado murcho de padaria. E eu só vou pra casa porque não tenho nenhum outro lugar pra ir. É só outra segunda feira, e amanhã será só outra terça feira. Quando você tem tudo e não tem nada, o problema só pode ser você mesmo. Talvez o único remédio seja não ter vergonha de chorar em público, pois dor é de graça, tem pra todo mundo. Pegue um prato e talheres, te convido para um banquete de dor, por aqui sempre tem de sobra.

Um comentário:

Andressa M. disse...

Talvez eu precise de umas décadas. [2]

E se precisar de mais alguma coisa, tô sempre à disposição .
Sempre !